Outro inquérito contra Jucá

Renato Souza

22/08/2017

 

 

Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o senador Romero Jucá tem mais um motivo para se preocupar. Ele foi denunciado pela segunda vez no âmbito da operação Zelotes, que investiga fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado à Receita Federal. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF). O político é alvo de 14 inquéritos que tramitam na Suprema Corte. Jucá afirmou que a denúncia é “ato de despedida” do procurador.

Na primeira denúncia contra Jucá na Zelotes, o Ministério Público aponta o envolvimento dele e do senador Renan Calheiros no esquema que revertia ou anulava multas aplicadas contra grandes empresas nacionais. De acordo com o Ministério Público, a influência dos políticos era fundamental para fazer o esquema funcionar e criar vantagens a empresas que pagavam propina. Já na segunda, a PGR acusa o senador de alterar a Medida Provisória (MP) 627/13 a pedido do presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter. A MP foi criada para mudar a forma de tributação do lucro de multinacionais brasileiras no exterior.

De acordo com a investigação, os valores envolvidos nos contratos que tiveram multas revertidas e estão sendo investigados chegam a R$ 19 bilhões. Esse é um dos maiores esquemas de sonegação fiscal da história brasileira. Em entrevista coletiva, o senador Romero Jucá ironizou o ato do procurador-geral da República. “Isso é a despedida do Janot. Não vou comentar isso”, afirmou. Rodrigo Janot deixa o cargo no próximo mês.

O processo segue em segredo de Justiça e quem avalia o caso é o ministro Ricardo Lewandowski, relator da Zelotes no Supremo. Tanto a defesa de Jucá quanto o Grupo Gerdau informaram que ainda não teve acesso às acusações feitas pelo Ministério Público.

 

 

Correio braziliense, n. 19814, 22/08/2017. Política, p. 5.