O globo, n.30711 , 6/9/2017. PAÍS, p.5

No Planalto, ministros comemoram ‘árvore podre’

LETICIA FERNANDES

EDUARDO BARRETTO

 

 
 
Integrantes do governo, no entanto, evitam euforia e dizem que nada está resolvido, principalmente no Congresso

Ainda assimilando os novos fatos que envolvem o acordo de colaboração premiada de empresários da JBS, interlocutores próximos ao presidente Michel Temer acreditam que os áudios apresentados ontem pelo procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, inviabilizam provas colhidas contra Temer, ainda que Janot tenha reiterado que as informações permanecem intactas. Na conversa gravada, Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, indicam irregularidades no acordo com a PGR.

Alguns dos principais ministros de Temer falam na delação de Joesley como uma “árvore podre”, com o potencial de contaminar não só as provas, mas também a primeira denúncia, já derrotada na Câmara dos Deputados, e uma eventual segunda denúncia.

—É a teoria da árvore podre, que contamina tudo. As flechas do Janot amoleceram — afirmou um ministro da cúpula do Palácio do Planalto.

Apesar do cenário favorável para Temer, não há, no Palácio, clima de euforia e de “já ganhou”.

Auxiliares do presidente afirmam, por exemplo, que, caso uma nova denúncia venha a público, o trabalho com os deputados deverá ser feito com o mesmo cuidado de sempre, ainda que o clima tenha melhorado para o governo.

— Resolvido, nunca está, sempre é difícil, mas realmente facilita muito o nosso trabalho. O clima mudou totalmente na Câmara — admitiu um interlocutor.

O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, disse ser assustador que tenha acontecido suposta omissão de crimes dos colaboradores da JBS e suposto favorecimento aos delatores por parte do ex-procurador Marcello Miller, colega do procurador-geral da República, Rodrigo Janot:

— O que foi dito ontem, aparentemente, é assustador. Certamente vai trazer impacto nessas denúncias. Fragiliza bastante num primeiro momento porque está se caracterizando que houve inclusive uma coisa urdida, com a participação de um dos principais auxiliares do PGR.