CRISTIANE JUNGBLUT
CATARINA ALENCASTRO
Investigado na Lava-Jato e citado por delatores, o senador propôs que o Congresso abra uma “investigação independente” sobre as delações, o que já foi batizado de “CPI do Ministério Público”. Jucá citou as delações da JBS; do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB; de Sergio Machado, expresidente da Transpetro; de Nestor Cerveró, ex-dirigente da Petrobras; e do ex-senador Delcídio Amaral. O Congresso já criou uma CPI mista sobre a JBS.
— O Congresso tem instrumentos para fazer isso (investigação dos atos do MP). Se não for uma ação isolada de irregularidade, mas uma ação orquestrada com mais casos, o Congresso pode, sim, pensar em fazer uma investigação independente para tirar a limpo essas questões que afetam a democracia, o país, a economia, a classe política. Os fatos são graves. Existem agora dúvidas sobre várias delações. Se a gente pegar o fio da meada, vai se ver que o procurador Marcelo Miller organizou a delação do Sergio Machado, do Cerveró, do Delcídio, do Joesley — disse Jucá. — A primeira denúncia se mostrou, em princípio, uma armação.
“CORTE NA PRÓPRIA CARNE”
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), saiu em defesa de Janot :
— Não culpo o doutor Janot, o doutor Janot não tinha a obrigação de saber (sobre conduta de Miller).
Maia não descartou a possibilidade de Janot apresentar uma nova denúncia contra Temer, mas alertou que os fatos mudaram de enfoque.
— O Brasil é o país em que em 12 horas tudo pode mudar. A Câmara vai continuar trabalhando, e, no dia em que tivermos que votar a segunda denúncia, nós vamos votar a segunda denúncia, se ela existir — pontuou.
Já o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse esperar que o Ministério Público não tenha compromisso com o erro e que, se preciso, “corte nas próprias carnes”.