Correio braziliense, n. 19816, 24/08/2017. Política, p. 3

 

Entrevista- Chico Leite

24/08/2017

 

 

"Marina é uma grande candidata"

O deputado distrital Chico Leite (Rede) negou uma possível candidatura à Presidência da República do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa pela legenda e confirmou que Marina Silva deve representar o partido na corrida ao Palácio do Planalto no ano que vem. “Marina é uma pessoa absolutamente equilibrada, serena, responsável. É uma grande candidata.” As declarações do pré-candidato a senador foram dadas durante o programa CB.Poder, uma parceria entre a TV Brasília e o Correio Braziliense, na tarde de ontem. Ele falou ainda sobre o cenário eleitoral no Distrito Federal, sobre o governador Rodrigo Rollemberg e a possível chegada de José Reguffe, atualmente sem partido, à Rede.

Tem muita gente que critica a Marina por se expor muito pouco. Como o senhor a avalia?

Nós vivemos, no Brasil, uma polarização emocional. Um verdadeiro teatro de absurdos em que as pontas, o sectarismo e as disputas prevalecem sobre as grandes alternativas, que pensam na sociedade, na população. Então, aparece melhor nas pesquisas quem radicaliza, quem coloca uma oposição muitas vezes absurda, mas que pode convencer pelo emocional. Marina é uma pessoa absolutamente equilibrada, serena, responsável.

O movimento de trazer pessoas de fora para a Rede está valendo ou está adormecido?

É um movimento extremamente positivo. O ministro Joaquim Barbosa e o Ayres Brito são muito bem-vindos, são fichas limpas, se preocupam com o país, têm uma história de vida de serviço ao país, pensam na política como um serviço e não algo para se servir, mas a nossa candidata a presidente é Marina. Nós queremos o concurso de gente de bem, de gente que tem essa visão de país, de proposição. Ninguém entra na Rede para ser candidato, essa é uma regra.

O senador Reguffe vai para o partido finalmente?

Nós, a Rede e eu, temos uma empatia muito grande pelo senador Reguffe, pelas causas. Já o convidamos para vir para a Rede, senti que ele se sensibilizou, mas essa é uma decisão pessoal. Nós estimamos que venha, mas estamos aguardando.

O governador Rodrigo Rollemberg é um nome para a Rede ano que vem?

O Rollemberg é uma pessoa de bem, correta, tem preocupação com a cidade. Agora, nós temos dissensos de causas. Eu procuro fazer o mandato com independência dessas relações meramente partidárias, orgânicas, que possam descambar para o fisiologismo. Nós ajudamos o governo naquilo que temos empatia, mas também contestamos naquilo que não temos, como, recentemente, a tentativa de privatizar o Hospital de Base, aumentar tributo. Eu não descarto pessoas, descarto ideias, causas.

O parcelamento dos salários dos servidores, que já era uma ameaça, se concretizou, para aqueles que ganham mais de R$ 7,5 mil. Como esse projeto que o governador quer enviar para a Câmara legislativa será recebido?

Salário é alimento. É um absurdo que o servidor tenha uma expectativa e isso se frustre em razão de outras condições que não podem ser atribuídas a ele. O governo precisa criar alternativas, teve tempo para isso, sabia da dificuldade imensa, nós reconhecemos o caos orçamentário-financeiro deixado pelo governo passado. Tudo que for preciso fazer pelo direito do servidor, vamos fazer, desde que não viole princípios, a lei, a Constituição. É preciso cortar cargos comissionados, buscar alternativas, judicialmente, para que a União pague o que deve ao Distrito Federal, esgotar essas alternativas. O parcelamento é a última alternativa.

Isso vai ter uma repercussão nas urnas. Como fica o cenário eleitoral em relação aos cortes de cargos?

O momento no Brasil e no Distrito Federal é de muita responsabilidade. Esse momento de responsabilidade faz com que, há um tempo, a gente reconheça o caos orçamentário-financeiro, mas que a gente busque alternativas. Nesse caso específico, antes da repercussão eleitoral, nós temos uma problemática com a própria população, que vai compreender que o governo é incapaz de buscar alternativas a esse problema, sabendo que ele existe desde a transição.

Como o senhor avalia o fundo partidário e o distritão, duas propostas em tramitação no Congresso?

O fundo partidário é um absurdo, é zombar com a sociedade da forma como está colocado. Política não é empresa e não é profissão, essa é uma forma de corrupção, de viver do partido, de se aproveitar do recurso público para interesses meramente partidários que não deixam de ser pessoais. Somos absolutamente contra, da forma que está, eu tenho defendido a extinção. O distritão tem a vantagem do mais votado, segundo opção da sociedade, ser eleito, mas tem a desvantagem de prestigiar mais a figura pública, o afamado, do que a causa que ele defende e desprestigiar os partidos.