Título: Braz de Aviz nomeado cardeal
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 17/02/2012, Brasil, p. 7

Papa Bento XVI oficializará amanhã 22 clérigos de várias nacionalidades para o posto, entre eles o ex-arcebispo de Brasília. Ele é padre há 40 anos e dirigiu a igreja na capital federal entre 2004 e 2010, quando foi convocado pelo Vaticano

Desde 2010, dom João Braz de Aviz é prefeito de uma congregação no Vaticano responsável pela ordenação de padres e de freiras

O papa Bento XVI nomeará, amanhã, 22 novos cardeais de várias nacionalidades. Entre eles, está dom João Braz de Aviz, que foi arcebispo de Brasília de 2004 a 2010, ano em que foi transferido para o Vaticano. Além disso, ele é o único latino a assumir o posto nessa leva. Atualmente, ele está no Vaticano, onde é prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Dos religiosos que receberão o barrete cardinalício, neste sábado, apenas quatro não estão habilitados a eleger o sucessor do papa. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, representará o Brasil na cerimônia.

Nascido em Mafra, no interior de Santa Catarina, dom João Braz foi ordenado padre em 1972, mas desde 1958 estudava em um seminário de Assis (SP), para onde a família se mudou. Em 1994, passou a ser bispo e, em 2004, foi nomeado arcebispo de Brasília. Na capital, ele ficou por seis anos, até ser chamado ao Vaticano para substituir o cardeal Franc Rodé, na prefeitura da congregação. O religioso, que completa 65 anos em abril, será o 20º cardeal brasileiro nomeado pelos papas desde 1905.

Os 22 cardeais que serão oficializados assumem o posto em um momento delicado da Igreja Católica. O Vaticano está tentando resgatar a imagem dos católicos, que hoje estão perdendo terreno para outras religiões, principalmente evangélicos. Para atrair fiéis brasileiros, o papa Bento XVI virá ao Rio de Janeiro entre 23 e 28 de janeiro do ano que vem para a 27ª Jornada Mundial da Juventude.

Só da Itália, serão nomeados sete clérigos. Além de dom João Braz de Aviz, terão oficializada a posição de cardeal 16 europeus, dois americanos, um canadense, um chinês e um indiano

Além de perder fiéis e dos escândalos, a Igreja Católica está atraindo menos religiosos, como admitiu dom João Braz, em uma entrevista ao jornal L"Osservatore Romano, que é ligado ao Vaticano. A fala foi publicada no momento em que o religioso foi conduzido para a Prefeitura da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que cuida da questão das ordenações de religiosos masculinos e femininos, além da disciplina, entre outra coisas.

Otimismo O novo cardeal brasileiro ressaltou que o problema maior estava acontecendo na Europa e em menor escala nos outros continentes, mas se mostrou otimista com uma futura mudança de panorama. "Há nações em mudanças, onde há um crescimento enorme. Penso na Índia, na Coreia, e em outros países do Oriente, nos quais o número de consagrados está aumentando", disse ele ao periódico, no início deste mês.

Para representar o Brasil na cerimônia de nomeação de D. João Braz de Aviz, a presidente Dilma Rousseff enviou para o Vaticano o seu secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que é católico fervoroso. Na quarta-feira, ele esteve reunido com a bancada evangélica na Câmara e Senado, onde se desculpou pelo efeito negativo da frase que teria dito no Fórum Social Mundial, de que o governo precisaria criar uma mídia estatal para disputar a mídia evangélica. O ministro negou que tenha feito a declaração.