Correio braziliense, n. 19836, 13/09/2017. Política, p. 4.

 

Autorizado inquérito contra Temer

13/09/2017

 

 

O ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou ontem a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer por supostos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva relacionados a um decreto do setor portuário, editado em maio deste ano. Também serão investigados o ex-assessor do presidente e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos.

A abertura do inquérito foi pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, após a Operação Patmos, do caso J&F;, revelar uma conversa interceptada pela Polícia Federal de Loures com Temer, em 4 de maio. O ex-deputado, filmado com uma mala com R$ 500 mil do grupo de Joesley Batista, perguntou sobre o Decreto dos Portos, e Temer disse que o assinaria na semana seguinte. Loures então repassou as informações a Mesquita.

Na decisão sobre a abertura da investigação, Barroso afirmou que os materiais apresentados pela PGR e PF “revelam que Rodrigo Rocha Loures, homem sabidamente da confiança do presidente da República, menciona pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses ilícitos para o próprio presidente da República, em troca da edição de ato normativo de específico interesse de determinada empresa, no caso, a Rodrimar”.

Em resposta à decisão do ministro, os advogados do peemedebista entraram com uma petição na Corte, protestando contra a abertura do processo. No documento, assinado por Antonio Cláudio Mariz de Oliveira e Laura Soares Godoy, a defesa afirma que as alegações dos autos “estão contaminadas por inverdades e distorções maliciosas da realidade, visando ao enfraquecimento do governo, à instabilidade das instituições e da própria sociedade brasileira”.

De acordo com nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, o decreto foi amplamente debatido por grupo de trabalho constituído pelo Ministério dos Transportes, autarquias e quatro associações do setor, com mais de 25 pessoas envolvidas diretamente na discussão técnica. Foram cerca de 30 reuniões acompanhadas pela Advocacia-Geral da União e Controladoria do Ministério dos Transportes. “O presidente Michel Temer não teve interferência no debate e acatou as deliberações e aconselhamentos técnicos, sem que houvesse qualquer tipo de pressão política que turvasse todo esse processo”, diz o comunicado.