Correio braziliense, n. 19837, 14/09/2017. Política, p. 5.

 

Meirelles sorri para candidatura

Hamilton Ferrari

14/09/2017

 

 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já é tratado como o mais novo pré-candidato ao cargo de presidente da República pelo PSD. O chefe da equipe econômica nega que tenha aceitado o convite, mas almoçou com 25 parlamentares da sigla em casa, no Lago Sul. Para analistas, o nome ainda é fraco numa corrida competitiva, mas pode surpreender se a economia emplacar resultados positivos até 2018.

De acordo com Marcos Montes (MG), líder da sigla, Meirelles recebeu a notícia com “entusiasmo”, apesar de não ter garantido que concorrerá ao pleito. Para o partido, o nome dele “cai como uma luva” para o mercado. Na visão do parlamentar, o ministro “atenderá o desejo da sociedade” caso a candidatura se confirme.

O chefe da Fazenda negou, porém, uma pré-candidatura. “Fiquei muito honrado com as palavras de todos os deputados do PSD. Seguirei debatendo política econômica com todos os parlamentares”, frisou.

A especulação é antiga e se acentuou quando o PSD divulgou um comunicado de que o tema da reunião de ontem seria “aproximar o ministro da política”. A candidatura vem ganhando corpo nos bastidores. Montes fez questão de ressaltar o fato de o ministro chefiar a equipe que vem dando “resultados econômicos positivos” para o país. Além disso, a forte rejeição aos nomes tradicionais abre espaço para Meirelles. Segundo o líder, o titular da Fazenda entra em campanha como um “político diferente até de nós, outros políticos”.

O chefe da equipe econômica não dá, porém, “toda a prerrogativa” para conversar sobre candidatura, mas o “entusiasmo” traz evidências de que está pensando nisso. “Ele não disse que está disposto. Mas o sorriso... O sorriso, lá em Minas Gerais, nós achamos que é melhor que duas palavras”, brincou Montes.

Para analistas, porém, Meirelles não se destaca como um forte nome para a disputa. Cristiano Noronha, vice-presidente da consultoria política Arko Advice, disse que o ministro depende de resultados mais robustos na economia. “Aparentemente, hoje a gente tem bons indicadores e números positivos, mas que ainda não estão assimilados pela população”, declarou.

Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, frisou que ainda é muito cedo para uma decisão. “Os partidos fazem o convite porque precisam ter algo na mão para negociar um processo de coligação, por exemplo. Não significa que o nome dele será efetivado”, ponderou. “Eu penso que não seria um nome forte, mas eleição, num quadro como esse, é difícil prever.”