O globo, n.30760 , 25/10/2017. ECONOMIA, p. 22

Petrobras diz que atuará em parcerias em leilão do pré-sal

RAMONA ORDOÑEZ

BRUNO ROSA

 

 

 

Estatal deve ser seletiva, mas pode ir além de áreas selecionadas previamente

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou ontem que a empresa vai fazer parcerias com outras petroleiras para participar dos leilões da segunda e terceira rodada do pré-sal, marcados para sexta-feira.

— Parceria é a maneira usual de se trabalhar nessa indústria — disse Parente, após participar da abertura da OTC (Offshore Technology Conference) Brasil, no Riocentro.

Das oito áreas que serão ofertadas no certame, a Petrobras exerceu direito de preferência por três: Sapinhoá, Peroba e Alto de Cabo Frio-Central. Isso significa que independentemente do consórcio vencedor, a estatal pode escolher se quer atuar como operadora. Parente não descartou a hipótese de fazer oferta por áreas além das que a companhia já indicou interesse, mas ressaltou que a empresa será seletiva.

— A seletividade e a situação da empresa exigem que a gente faça lances somente naquelas áreas que possam ter um potencial maior — afirmou Parente.

Segundo o executivo, a empresa mantém a meta de venda de ativos de US$ 21 bilhões até o fim de 2018, apesar dos diversos questionamentos às operações na Justiça, classificados por Parente como “naturais”.

 

ECONOMIA DE US$ 5,35 BI

Em relação à Braskem, que faz parte do plano de desinvestimento, Parente disse que as negociações com a Odebrecht sobre a participação da estatal ainda estão em andamento.

— As conversas caminham bem. Não temos um acordo fechado ainda. Mas queremos ter o mais cedo possível — disse.

No caso da abertura de capital da BR Distribuidora, ele disse que ainda não é possível definir uma data exata para a operação. A previsão era que a operação ocorresse até dezembro:

— É uma decisão que depende do Conselho de Administração da companhia e vai levar em conta as condições de mercado.

A Petrobras informou que pretende economizar US$ 5,35 bilhões até 2026 com a instalação de equipamentos submarinos no pré-sal.

— Essa redução inclui 16 iniciativas com um preço do petróleo na casa dos US$ 50 durante esse período — afirmou Cristina Pinho, gerente-executiva de Sistemas Submarinos da Petrobras durante apresentação na OTC Brasil.

 

NEGOCIAÇÃO COM GOVERNO

Também presente ao evento, o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia (MME), Marcio Felix, afirmou que espera fechar acordo com a Petrobras até o fim do ano a respeito da cessão onerosa. A negociação se refere ao contrato fechado entre União e Petrobras para exploração de 5 bilhões de barris de óleo equivalente na época da capitalização da companhia, em 2010. O contrato previa uma renegociação posterior. Segundo ele, a meta é fazer um leilão do pré-sal com as áreas da cessão onerosa, que poderiam compor a quarta e a quinta rodada previstas para junho de 2018.

— Ainda não é ponto pacífico que a Petrobras vai receber recursos com a cessão onerosa. Estamos discutindo as condições — afirmou.

Félix ressaltou que a expectativa é que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprove as áreas dos dois leilões (15ª rodada e 4ª rodada do présal) até meados de novembro.

— Vamos fazer ajustes nas áreas que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) apresentou. Não faz sentido leiloar áreas que já foram ofertadas no passado. A 15ª rodada vai ter áreas da margem equatorial, do Sudeste (bacias de Santos e Campos) e áreas em terra. A 4ª rodada do pré-sal também terá boas áreas. Um indicativo do apetite que vamos ver é quando a Petrobras mostrar seu interesse, exercendo direito de preferência.