Correio braziliense, n. 19839, 16/09/2017. Política, p. 5.

 

Palocci diz que pagou a Lula

16/09/2017

 

 

Segundo o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desviou recursos do Instituto Lula para custear despesas de sua família. As informações, segundo a revista Veja, estão na proposta de delação de Palocci à força-tarefa da Lava-Jato. Ele está preso há um ano.

De acordo com o ex-ministro, o Instituto Lula mantinha nos últimos anos uma contabilidade paralela para camuflar o desvio de doações, que era administrada por Paulo Okamoto, presidente da entidade.

Palocci também disse que, em 2010, quando era coordenador da primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff, deu “pequenas quantias” em dinheiro pessoalmente a Lula. Isso ocorreu ao menos cinco vezes, contou. Lula era, à época, presidente.

A entrega de quantias maiores seria feita, de acordo com o relato, por Branislav Kontic, auxiliar de Palocci, que deixava pacotes com dinheiro no Instituto Lula. Os valores, enviados pela Odebrecht, eram retirados da conta “Amigo”, que tinha um saldo de R$ 300 milhões.

Segundo o ex-ministro, Lula disse-lhe, no ano passado, depois de ter sido conduzido coercitivamente para depor, que tinha medo de ser preso pela Lava-Jato, e que pensava em se tornar ministro da Dilma Rousseff. Palocci contou ter dito que era uma má ideia, e que seria melhor “ser preso e lutar”.

Outro item do relato diz respeito ao PT, que teria recebido R$ 50 milhões da Construtora Camargo Corrêa para anular a operação Castelo de Areia. Palocci disse que Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff acompanharam a situação de perto.

O ex-ministro comprometeu-se a revelar os 47 clientes que passaram por sua empresa, a Projeto, que foi aberto em 2006 depois de deixar o Ministério da Fazenda. Ele foi contratado por grandes empresas e bancos, do Brasil e do exterior, para facilitar o acesso a agentes públicos em Brasília que pudessem lhes ajudar com suas decisões. Palocci só se dispôs a abrir esse sigilo caso a delação seja aceita pela Justiça.

A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou por meio de nota que “Palocci falta com a verdade quando aponta o envolvimento de dela em supostas reuniões de governo para tratar de facilidades à empresa Odebrecht. Seja durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou no primeiro governo dela. Tais encontros ou tratativas relatadas pelo ex-ministro jamais ocorreram. Relatos de repasses de propinas também são uma mentira”.