Correio braziliense, n. 20008, 02/03/2018. Brasil, p. 6

Aumento de 28% dos casos de febre amarela

 

Andressa Paulino

 

Mesmo com a campanha nacional de vacinação, o número de casos de febre amarela aumentou no Brasil. Entre o período de 1º de julho de 2017 a 28 de fevereiro deste ano, foram confirmadas 237 mortes decorrentes da doença — 28% a mais do que o mesmo período do ano anterior, do qual foram contabilizados 184 óbitos.

Os dados são do Ministério da Saúde. Existem 723 registros confirmados, 147 a mais do que no ano anterior. Foram quase 3 mil suspeitas da doença no Brasil, sendo que 1359 foram descartadas e 785 permanecem em investigação. Os estados com mais registros são Minas (314), São Paulo (307) e o Rio de Janeiro (96). No Distrito Federal, foram 20 suspeitas e apenas um caso de morte.

Para o doutor em Medicina Tropical e professor da Universidade de Brasília (UnB) Pedro Luiz Tauil, o número de casos reflete as carências na cobertura da vacinação. “Falta uma cobertura mais completa, que atinja os mais vulneráveis, ou seja, a população rural”, explica. “É importante que haja uma alta cobertura nacional, que privilegie a população mais exposta”, destaca Tauil.

“A criação de equipes móveis é uma saída para o combate à doença. É preciso ir até essas comunidades rurais e não esperar que elas venham até a cidade para serem vacinadas” argumenta o professor. “Ter número suficiente de vacinas também é de extrema importância. É recorrente vermos casos de falta da vacina em alguns postos de saúde, e isso acaba deixando a população à mercê da doença”, explica

Segundo dados do Ministério da Saúde, até o dia 27 de fevereiro, já foram vacinadas 5,5 milhões de pessoas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Apenas 23% do público previsto na campanha.

 

Explicação

O Ministério afirma que, apesar de os números serem maiores do que no mesmo período do ano passado, o vírus da febre amarela circula, hoje, em regiões metropolitanas com maior contingente populacional. O que, segundo eles, explica a incidência mais expressiva da doença. “Na sazonalidade passada, por exemplo, o surto atingiu uma população de 8 milhões de pessoas, muito menor que a atual (32,3 milhões)” destacou, em nota.