Título: Mais apoio à oposição
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 11/02/2012, Mundo, p. 26

O Conselho Nacional Sírio (CNS), coalizão que agrupa as principais forças de oposição ao presidente Bashar Al-Assad, espera ser reconhecido como interlocutor político por diversos países árabes, nos próximos dias. As atenções dos oposicionistas sírios se voltam de início para as reuniões da Liga Árabe e do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), no fim de semana. As monarquias do Golfo Pérsico, que no início da semana retiraram seus embaixadores de Damasco, acenam agora com o estabelecimento de relações formais com o CNS, em mais um passo para reforçar a pressão externa contra o regime.

"Deve ser dado um reconhecimento oficial ao CNS pelos países do CCG", disse à agência de notícias France Presse Imad Husari, membro do CNS e porta-voz dos Comitês de Coordenação Local (CCLs), que articulam os protestos no interior do país. Outro integrante do CNS, Jodya Jaaled, radicado na Turquia, confirmou que conta com o reconhecimento de "vários países árabes". Até ontem, a coalizão síria contava com status de interlocutor político legítimo apenas na Líbia, que é governada pelo Conselho Nacional de Transição (CNT), desde a deposição de Muamar Kadafi, em agosto de 2011.

Em outra frente diplomática, o chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, anunciou que seu governo pretende organizar "no prazo mais breve possível" uma conferência internacional sobre a crise síria. Davutoglu reiterou o apoio de Ancara à formação de um "grupo de países amigos" da Síria, na linha proposta pelos Estados Unidos após Rússia e China vetarem, no Conselho de Segurança da ONU, uma resolução que pedia a saída de Al-Assad do poder. "Essa iniciativa enviaria um sinal ao povo sírio de que ele não está sozinho", disse o chanceler à imprensa, em Washington, antes de reunir-se com a secretária de Estado Hillary Clinton.

O Conselho de Segurança deve atender, porém, ao pedido do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos para que os crimes cometidos pelo regime de Damasco contra a população civil sejam levados ao Tribunal Penal Internacional (TPI). "Esses abusos foram cometidos com a aprovação e a cumplicidade das autoridades e foram realizados de acordo com uma política de Estado, o que caracteriza crimes contra a humanidade", afirmou o porta-voz do comissariado, Rupert Colville.