Correio braziliense, n. 19844, 21/09/2017. Política, p. 5.

 

Fim das coligações, mas em 2020

Bernardo Bittar

21/09/2017

 

 

O presidente da Câmara dos Deputados e hoje presidente da República interino, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi até o plenário da Casa durante votação da reforma política pressionar aliados contra o que chamou de “facada nas costas” do PMDB no DEM. Ele reclamou de um movimento do partido de Michel Temer para atrair dissidentes do PSB. Antes da chegada do presidente, os parlamentares aprovaram, em primeiro turno, com 348 votos, o fim das coligações partidárias, mas apenas para as eleições de 2020, modificando a PEC 282/2016, de Shéridan Oliveira (PSDB-RR).

Irritado, Rodrigo Maia disse que “se o DEM e o PMDB são aliados, precisam ser aliados. A gente não pode ficar levando facada nas costas do PMDB, principalmente dos ministros do Palácio e do presidente peemedebista”. A desavença pode afetar o apoio dos demistas na nova denúncia contra Michel Temer, acusado pelo Ministério Público Federal de obstrução de Justiça e de participação em organização criminosa.

Maia também criticou parlamentares da Casa, afirmando que nem todos parecem estar dispostos a prosseguir com a reforma política. Por conta da briga com o Planalto, no entanto, disse que o DEM poderia votar sem seguir as orientações palacianas.

Outrora tratada como coadjuvante, a PEC 282/2016, cujo texto-base foi aprovado há duas semanas, tornou-se a última chance de a Casa caminhar com a reforma política, após o fracasso da PEC 77/2003, proposta por Vicente Cândido (PT-SP), que não emplacou nem distritão nem fundo público de financiamento de campanha.

O texto da PEC 282 prevê, além do fim das coligações, a fidelidade partidária e a criação de uma cláusula de desempenho. Horas antes de a PEC chegar ao plenário, aliados de Temer torciam pela aprovação do texto. “Precisamos resolver essa coisa da reforma, porque já vamos analisar e votar sobre a nova denúncia contra o presidente da República”, afirmou um parlamentar que não quis ser identificado.

 

Desafio

A proposta é estabelecer que os partidos só tenham acesso às cotas do fundo partidário se alcançarem 1,5% dos votos nas próximas eleições em, pelo menos, nove estados.