O globo, n.30761 , 26/10/2017. PAÍS, p.12

Ex-ministro recorre ao STF para deixar prisão

André de Souza

 

 

Defesa também quer que Fachin leve o caso de Geddel para julgamento na Segunda Turma

A defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima apresentou recurso contra decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, na semana passada, manteve a prisão do peemedebista. Os advogados Gamil Föppel e Gisela Borges também querem anular a busca e apreensão que levou a Polícia Federal (PF) a achar R$ 51 milhões em um bunker de Geddel em Salvador.

Eles solicitam que o ministro reconsidere decisão anterior e dê uma liminar soltando Geddel. Alternativamente, a defesa pede que Fachin leve o caso para julgamento na Segunda Turma do STF, da qual ele e outros quatro ministros fazem parte: Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Caso a revogação da prisão não seja obtida, os advogados querem, ao menos, a aplicação de medidas cautelares, como o monitoramento eletrônico e a prisão domiciliar.

A prisão e a busca e apreensão foram determinadas pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. A defesa de Geddel aponta a suposta participação do irmão dele, o deputado Lúcio Vieira Lima, para argumentar que Vallisney não poderia ter ordenado a busca. Como há um parlamentar envolvido, isso só poderia ter sido determinado pelo STF. Além disso, a busca partiu de uma denúncia anônima, o que, segundo a defesa, também justificaria sua anulação.

 

“LÍDER DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA”

Foi a descoberta dos R$ 51 milhões que levou Geddel de volta à prisão em 8 de setembro. Na semana passada, Fachin concordou com parecer da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pedindo a manutenção da prisão. Ela argumentou que o ex-ministro parece ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa que desviou dinheiro público. Geddel é suspeito de ter levado propina de contratos da Caixa Econômica Federal.

Também na semana passada, Fachin concordou com outros dois pontos do parecer de Dodge. Ele determinou a conversão da prisão preventiva de Gustavo Ferraz, ex-diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, em prisão domiciliar. E mandou que medidas semelhantes fossem aplicadas a Job Ribeiro Brandão, assessor de Lúcio Vieira Lima. Digitais dos dois foram encontradas no bunker de Geddel. (André de Souza)