Correio braziliense, n. 19846, 23/09/2017. Política, p. 3.

 

"A verdade triunfará"

Renato Souza

23/09/2017

 

 

O presidente Michel Temer decidiu esperar uma semana para se pronunciar sobre a segunda denúncia apresentada contra ele. Em um vídeo, publicado ontem nas redes sociais do Planalto, o peemedebista diz ter certeza de que a Câmara vai barrar a abertura de processo pedida pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Apesar de não citar nomes, Temer critica os executivos da JBS e chama de “delação induzida” o acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF).

Em um tom mais rigoroso do que em pronunciamentos anteriores, Temer afirma que foram criadas inverdades contra o governo. “A verdade prevaleceu ante o primeiro ataque a meu governo e a mim. A verdade, mais uma vez, triunfará. Tenho convicção absoluta de que a Câmara dos Deputados encerrará esses últimos episódios de uma triste página de nossa história, em que mentiras e inverdades induziram a mídia e as redes sociais nestes últimos dias. A incoerência e a falsidade foram armas do cotidiano para o extermínio de reputações”, disse.

Afirmando que vai continuar no cargo até 2019, o presidente diz ainda que lançaram contra ele “ilações, provas forjadas, denúncias ineptas”. “Diante dos ataques que se renovam, quero expressar minha indignação e manifestar minha profunda revolta com a leviandade dos que deveriam agir com sobriedade. Tenho orgulho de estar presidente da República pelo que pude fazer até agora. Em resumo, retirei o país da recessão mais grave de toda sua história em pouco mais de ano e quatro meses de governo. Farei muito mais até janeiro de 2019”, completa.

Temer afirmou ainda que o significado da presunção de inocência foi alterado pelas autoridades. “Agora todos são culpados até que provem o contrário.” “E nem provas concretas bastam para repor a verdade. A marca indelével da desonra ficará em muitos inocentes que foram atingidos. Luto e lutarei contra qualquer pecha que tentem me colocar neste sentido”, rebateu.

Indiretamente, o presidente da República afirmou que os novos áudios, entregues pela defesa dos executivos da JBS ao Ministério Público, revelam uma conspiração tramada contra ele. Ele comemorou o fato de criminosos terem ido pra cadeia. “Graças aos áudios que tentaram esconder, mas que vieram a público acidentalmente, sabe-se que contra mim armou-se conspiração de múltiplos propósitos. Conspiraram para deixar impunes os maiores criminosos confessos do Brasil, finalmente presos, porque sempre apontamos seus inúmeros delitos”, disse. (RS)

Troca de advogado

O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós é o novo defensor de Michel Temer. Ele foi indicado pelo advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que renunciou à defesa do presidente alegando “conflito ético”, porque já defendeu o doleiro Lúcio Funaro — delator que imputa ao peemedebista envolvimento em esquemas de corrupção e enriquecimento ilícito. Nessa sexta-feira, Temer reuniu-se com Mariz no escritório do criminalista, que ocupa andar inteiro de um prédio da Avenida Paulista esquina com a Alameda Campinas. À reunião estava presente Carnelós. Nela, Temer disse a Mariz que “não abre mão” de seu concurso em outros casos.