Título: Mortes em janeiro caem 28,3%
Autor: Bernardes, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 11/02/2012, Cidades, p. 34

Balanço preliminar do Detran revela que 28 pessoas morreram no primeiro mês do ano nas vias do DF. O mesmo período de 2011 registrou 39 óbitos. Operações conjuntas com polícias, bombeiros e DER são apontadas como a razão para a queda no índice

Após fechar dois anos consecutivos com aumento no número de mortos, as tragédias no trânsito do Distrito Federal caíram neste início de 2012. Em janeiro, 28 pessoas perderam a vida nas vias do DF, queda de 28,2% se comparado ao mesmo período de 2011. Os dados de fevereiro também apontam redução. Até a última quinta-feira, houve quatro mortes, contra nove no mesmo período do ano anterior. Os dados, inclusive de janeiro, são preliminares porque o Departamento de Trânsito (Detran) acompanha o estado de saúde dos sobreviventes por até 30 dias após o acidente. Caso alguém morra nesse intervalo, é incluído na estatística.

O último acidente grave no DF ocorreu na manhã de quinta-feira, na DF-280. Dois carros bateram de frente e Ana Souza Miranda, 76 anos, morreu. Outras seis pessoas ficaram feridas, entre elas uma grávida de seis meses e uma criança de 11 anos. Janeiro ficou marcado pela morte de seis adolescentes na madrugada do dia 21. O carro em que eles estavam era dirigido por um jovem de 19 anos, sem habilitação. O veículo saiu da pista na BR-070, na altura do Setor O, em Ceilândia, e capotou várias vezes.

Entre as vítimas, estava Duanny do Couto Veras, 17 anos. No dia do velório, a mãe dela, Rosana Laurindo Couto, 39, auxiliar de serviços gerais, fez um apelo emocionado para que os jovens escolhessem suas amizades e abandonassem o álcool e as drogas. Hoje, tenta sobreviver à dor de enterrar uma filha e de fazer a netinha, de um ano e meio, entender a ausência da mãe. "Ela sente muita falta da Duanny. Estou reunindo toda a história para ela, no futuro, entender o que aconteceu", conta.

Ao saber da redução de acidentes, Rosana diz ter ficado feliz. Mas tem a convicção de que as autoridades de trânsito podem fazer mais para reduzir as tragédias. "O jovem precisa ser mais bem preparado para dirigir. Não pode ficar só nas aulinhas teóricas e práticas do Detran. É preciso fazê-los entender os riscos", defende.

Na avaliação do diretor-geral do Detran, José Alves Bezerra, a redução preliminar das mortes e dos acidentes pode ser resultado da Operação Funil, iniciada no fim do ano passado. "Com certeza, ela influenciou positivamente. Além dos nossos trabalhos rotineiros, incrementamos com as operações conjuntas. Mas precisamos esperar fevereiro chegar ao fim. Por conta do carnaval, historicamente temos mais acidentes fatais nesse período", lembra.

Fiscalização A Operação Funil reúne agentes do Detran, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Geralmente, é feita uma abordagem educativa seguida por outra, repressiva. Além disso, ocorre em pelo menos quatro pontos simultaneamente. "Não tenho dúvidas de que, para vencer a guerra dos acidentes, precisamos de fiscalização na rua. Todos os anos que tivemos quedas acentuadas nas estatísticas coincidem com aumento do quadro de agentes", afirma Bezerra.

Atualmente, o Detran está com número reduzido de agentes. A expectativa é de que o processo seletivo para preencher 100 vagas seja realizado no próximo mês. "A Operação Funil é genial, mas precisa tomar corpo. Seria ideal se conseguíssemos fechar a cidade montando barreiras nas principais rodovias. Assim que os novos agentes chegarem, vamos poder atuar de forma ainda mais efetiva", avalia o diretor-geral.

Em 2011, o número de mortos no trânsito foi maior do que em 2010. Apesar disso, houve redução no índice que mede a quantidade de vítimas por 10 mil veículos e por 100 mil habitantes. No primeiro caso, foram 3,5 mortos por 10 mil carros. O número preconizado pela Organização das Nações Unidas é três. Já a quantidade de vítimas por grupo de 100 mil moradores ficou em 17,7, ligeiramente menor que o registrado em 2010 (17,9).

Operação Funil

116 condutores flagrados alcoolizados desde dezembro, sendo que 7 deles cometeram o crime de dirigir sob efeito de álcool; 117 motoristas inabilitados; 58 dirigiam com a carteira de motorista cassada ou suspensa; 332 veículos apreendidos; 5.411 pessoas abordadas.