Correio braziliense, n. 19867, 14/10/2017. Política, p. 4

 

Denise Rothenburg - Brasília DF

14/10/2017

 

 

Destino de Aécio racha os partidos

Os senadores não estão muito dispostos a votar na terça-feira o destino do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Só o farão se não houver consenso sobre o meio de escapar da decisão sobre o assunto. Dentro do PMDB e do próprio PSDB já tem gente defendendo que, antes de o plenário do Senado deliberar sobre o caso, o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria se pronunciar sobre a decisão da 1ª turma do STF, tomada por 3 a 2. Juntando esses senadores — que querem ver Aécio exercendo seu mandato, mas não querem aparecer — com os petistas, que já optaram por manter Aécio afastado para impor mais um desgaste ao PSDB, a situação vai se complicando.

Leite derramado

O ex-presidente do Senado Renan Calheiros considera difícil a Casa decidir se devolve o exercício do mandato e a liberdade noturna ao senador Aécio Neves em votação secreta. Na época em que Delcídio do Amaral foi preso, Renan, então presidente da Casa, tentou esse recurso. Perdeu por 52 votos a 20. O PSDB foi quem mais defendeu a votação aberta. O peemedebista alertou naquele período que o partido estava cometendo um erro.

Parceiros

O julgamento que confirmou a liberdade do empresário Jacob Barata revelou que o ministro Gilmar Mendes não está mais sozinho no Supremo Tribunal Federal. Quem assistiu à sessão ficou impressionado com a contundência das críticas do ministro Dias Toffoli ao Ministério Público Federal. Ele repudiou o que considerou falsas notícias do processo e, de quebra, enfatizou que o Supremo não compactuará com condutas inadequadas de órgãos investigativos.

Professor residente

No pronunciamento que fará amanhã pelo Dia do Professor, o ministro da Educação, José Mendonça Filho, abordará as linhas do novo programa de formação de professores que o governo colocará em prática no ano que vem. A ideia é proporcionar aos futuros profissionais de educação uma “residência educacional”, nos moldes do que existe hoje na medicina. Assim, os professores já começariam trabalhando nas escolas públicas ainda no período de formação.

Guerra socialista I

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, já tem maioria na cúpula partidária para expulsar o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, a líder da bancada na Câmara, Tereza Cristina, e, ainda, os deputados Danilo Forte e Fábio Garcia. A ideia é tirar todos nesta segunda-feira, para evitar que Michel Temer tenha votos do PSB na Comissão de Constituição e Justiça. “Estamos fortalecendo o partido. Quem não defende a posição partidária, deve procurar outro lugar”, diz Siqueira.

Guerra socialista II

Os parlamentares se mobilizam em busca de um mandado de segurança que lhes garantam a permanência na sigla e o voto na CCJ na semana que vem.

Curtidas

Mau começo/ Pré-candidato a presidente da República, o deputado Jair Bolsonaro ficou com fama de fugir de diálogos francos e abertos ao cancelar de última hora palestra na George Washington University (GWU), em Washington DC. Seria uma oportunidade de detalhar melhor suas propostas econômicas, até aqui apresentadas de forma muito genérica. Eleitores que se organizaram para ouvir Bolsonaro e tinham simpatia pelo deputado ficaram com o pé atrás.

Anvisa e cigarros no STF/ O Supremo Tribunal Federal, realmente, cuida de tudo. Na próxima quinta-feira, por exemplo, retoma o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade que trata da adição de ingredientes aos cigarros produzidos no país. O debate gira em torno da proibição da Anvisa à adição de ingredientes ao produto, tais como menta, canela, contestada pela indústria, via CNI.

Anvisa e cigarros no STF/ A argumentação da indústria é a de que a agência reguladora está extrapolando suas competências e, indiretamente, ajudando o contrabando oriundo do Paraguai. O contrabando já é responsável por 48% do cigarro comercializado no Brasil. Agora, o STF vai arbitrar essa briga, que já dura mais de três anos.

Padrinho forte/ O publicitário Nizan Guanaes está mesmo entusiasmado com o Renova, o fundo criado para promover a renovação dos quadros políticos.