Favorito à relatoria é do PV

Paulo de Tarso Lyra

27/09/2017

 

 

 Evandro Gussi larga na frente para analisar a denúncia contra Michel Temer. Presidente da CCJ considera desnecessário o fatiamento do processo e consultará integrantes da comissão com o objetivo de definir se ampliará prazo para defesas

 

 

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), deve anunciar hoje o relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, desta vez por obstrução de Justiça e organização criminosa. O favorito para o posto é o deputado Evandro Gussi (PV-SP). A um ano das eleições, embora a base esteja unida para salvar Temer, nenhum dos três principais partidos da coalizão governamental — PMDB, PSDB e DEM — quer colocar a digital num relatório para livrar o presidente do julgamento pelo STF.

Pacheco foi procurado ontem, ao longo do dia, pelo líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), e do DEM, Efraim Filho (PB), que anunciaram, oficialmente, não desejar que integrantes das respectivas bancadas fossem escolhidos para relatar a nova denúncia. O PMDB já havia dito isso por intermédio do líder Baleia Rossi (SP).

A percepção na Casa é de que a decisão da primeira turma do STF de afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) do mandato e imputar-lhe uma restrição de liberdade, obrigando-o a permanecer à noite em sua residência, ajudará Temer. Aécio foi fundamental em equilibrar as forças no PSDB a favor do Planalto. “O sentimento dos deputados, agora, é de confronto com o STF. Se é para abrir guerra, vamos abrir”, disse um integrante da cúpula tucana.

Rodrigo Pacheco vai reunir os líderes partidários da comissão para definir o rito de tramitação da denúncia. Ele, contudo, deu a entender que acha desnecessário o fatiamento. “Já existe um parecer da secretaria-geral da mesa nesse sentido e entendimentos de que é uma denúncia por organização criminosa”, afirmou, justificando a opinião de que a denúncia deve tramitar unificada na Casa.

Pacheco disse ainda que vai consultar os integrantes da comissão para debater a necessidade de ampliar o prazo destinado à defesa, que atualmente é de cinco sessões, segundo previsto no regimento da Câmara. “Na primeira denúncia, só havia o presidente Temer como denunciado. Agora, temos mais dois nomes. Precisamos definir se será concedido o prazo de cinco sessões para cada uma das defesas ou cinco sessões ao todo”, explicou.