Correio braziliense, n. 19863, 10/10/2017. Política, p. 05.

 

Condenado, Lula ataca

Gulherme Mendes

10/10/2017

 

 

PARTIDOS » Petista diz esperar desculpas do juiz Sérgio Moro, mas reconhece: "Sei que estou lascado"

 

 

O ex-presidente Lula fez um discurso inflamado durante o Seminário de Educação Pública ontem em Brasília. Ao falar sobre os processos em que é acusado pelo juiz Sérgio Moro, Lula afirmou não querer a absolvição. “Eu só quero que ele peça desculpas”, disse.

O ex-presidente, porém, reconheceu a sua delicada situação judicial — é réu em sete ações. “Eu sei que estou lascado. Todo dia tem um processo”. Lula, porém, prometeu estar pronto para rebater as acusações. “Não tenho medo e não posso aceitar as mentiras que a Polícia Federal e o Ministério Público contou ao meu respeito, e não posso aceitar o juiz Moro ter aceitado as mentiras e ter feito o julgamento que fez”, afirmou. Em pouco mais de meia hora de discurso, Lula tocou poucas vezes no tema da candidatura, mas exaltou dados positivos dos seus oito anos de governo.

Organizado pelo PT, o encontro não apenas discutiu os rumos da educação pública no país, mas também se transformou em palanque de críticas ao governo de Michel Temer e um ato de desagravo ao ex-presidente. Antes de Lula, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse esperar, “como brasileiro e como professor, que dia 1º de janeiro de 2019 este pesadelo chamado Temer acabe, e o senhor [referindo-se a Lula] assuma a presidência da República”.

O evento reuniu parte da cúpula do partido. Além de Lula, estiveram presentes a presidente do partido, a senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann, o governador do Piauí, parlamentares e ex-ministros dos governos de Lula e Dilma.

 

 

Embate

O ex-presidente também abordou em seu discurso a agenda do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Maior ameaça à liderança de Lula nas pesquisas eleitorais para 2018, Bolsonaro está em visita a quatro estados norte-americanos.

Lula ironizou os encontros do deputado com membros do mercado financeiro. “Se o Bolsonaro agrada o mercado, nós do PT temos de desagradar o mercado”, disse ele sob aplauso dos correligionários.