O globo, n.30857 , 30/01/2018. PAÍS, p.3

Dois ministérios continuam sem comando definido

 

 

 O impasse do governo Michel Temer para conseguir preencher o Ministério do Trabalho não é o único. O comando do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços está vago desde o dia 3 de janeiro, quando Marcos Pereira pediu demissão. Ontem, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o governo não está com pressa para nomear um substituto para a pasta. Com a proximidade das campanhas, a dificuldade para encontrar novos ministros será ainda maior, já que muitos devem se licenciar para concorrer nas eleições de outubro.

Ao deixar o cargo, Marcos Pereira enviou uma carta a Temer alegando que tomou a decisão para se dedicar a “questões pessoais e partidárias”. Prometeu, entretanto, que ele e seu partido, o PRB, continuariam comprometidos com as reformas.

Não foi apenas a equipe do Ministério da Indústria que foi pega de surpresa com o pedido de demissão do ministro Marcos Pereira. O próprio presidente Temer teria se surpreendido. Em conversa que os dois tiveram no momento da demissão, Pereira teria dito que precisa cuidar do partido, porque pretende aumentar o número de senadores e deputados nas próximas eleições.

No governo, Pereira estava numa disputa interna com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele defendia estender benefícios fiscais para o setor automotivo, mas encontrou a resistência do chefe da equipe econômica, que defende o ajuste fiscal.

O governo agora teme novas baixas imprevistas. O Planalto já trabalhava com a possibilidade de ter ao menos 13 baixas no ministério até o início de abril, quando se encerra o período de desincompatibilização para quem desejar disputar algum cargo nas eleições de outubro. Mas esse número pode crescer.

Como revelou O GLOBO, o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, nomeado em novembro para o posto, estuda disputar um cargo eletivo este ano, mesmo tendo se comprometido com o presidente Michel Temer que ficaria na Esplanada até o fim do governo. A mesma promessa foi feita por Cristiane Brasil, e o governo também tem dúvidas se a deputada irá honrá-la.