O Estado de São Paulo, n. 45252, 09/09/2017. Política, p.A8
A Justiça Federal negou recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manteve para a quarta-feira, em Curitiba, o depoimento do petista ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância. O interrogatório será no âmbito da ação em que Lula é réu por suposto recebimento de propinas da Odebrecht. A defesa pedia o adiamento até que fossem juntados nos autos elementos sobre os sistemas My Web Day e Drousys, usados para a distribuição de propinas, segundo investigadores.
Os dados sobre o sistema My Web Day estavam na Suíça e foram enviados pela Odebrecht ao Ministério Público Federal em agosto. O relator do processo, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, disse que o pedido não tem previsão legal.
Na quarta, será a segunda vez que Lula ficará diante do juiz Sérgio Moro. A primeira foi em maio, na ação referente ao triplex do Guarujá. A militância petista já organiza atos em Curitiba como os do primeiro depoimento. / JULIA AFFONSO E LUIZ VASSALLO
Felipe Frazão
Favorito para assumir o comando do PSDB em dezembro e liderar o partido na campanha presidencial de 2018, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), 54 anos, afirmou que as prévias são “o meio mais democrático” para que o PSDB escolha seu candidato à Presidência em 2018.
Perillo articula para chegar como postulante único à direção da legenda em dezembro, impulsionado pela relação com os presidenciáveis Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, e João Doria, prefeito da capital paulista. Ele minimiza o embate cada dia mais ruidoso entre eles e diz que “prevalecerá o bom senso”.
• João Doria sugeriu que pode deixar o PSDB para disputar a Presidência. Qual sua avaliação?
Não acredito que o prefeito Doria deixe o partido e vou continuar trabalhando nossa unidade.
• Qual deve ser o formato para a escolha do candidato do partido?
Prévias são um instrumento democrático de escolha. Elas devem ser mantidas, caso haja mais de um précandidato. Por mais que fiquem fissuras, é o instrumento mais legítimo e democrático que um partido pode ter. Mas não creio que haverá entre Geraldo e Doria.
• Quem tem melhores condições de vencer, Alckmin ou Doria?
Não vejo em nenhum deles disposição para qualquer tipo de dissenso. Estou seguro de que haverá uma convergência entre eles e de que prevalecerá o bom senso, o compromisso maior com o projeto de vitória. O PSDB tem uma sequência histórica de consensos. Sempre tem alguma escaramuça antes, alguns nomes se colocam, mas ao fim e ao cabo prevalece o que tem melhores condições ( de vencer a eleição). • O presidente interino, Tasso Jereissati, disse que ‘Alckmin é o primeiro da fila’. Doria, por ser mais novo, deve esperar na fila? No momento certo essas coisas estarão resolvidas.
• O candidato tucano deve adotar tom conciliador ou se opor frontalmente a Lula?
Defendo um misto das duas coisas. Nosso discurso tem que centrar fortemente no combate ao populismo, à demagogia, ao corporativismo e todos os ismos que atrasaram o Brasil e a América Latina. Mas também acho que o voto se dará baseado no equilíbrio, na experiência e na capacidade que o candidato terá de pacificar o País, convencer de que as reformas são boas para o povo. Não vejo espaço para que alguém da extrema direita ou extrema esquerda vença eleições no País ou nos Estados.
• Qual deve ser a agenda do PSDB para 2018?
Uma agenda agressiva de reformas. É preciso diminuir o tamanho do Estado, tomar medidas duras com relação à Previdência, aprofundar as privatizações e acabar com a estabilidade do emprego no serviço público, exceto as carreiras de Estado, num primeiro momento. O que pode ser extirpado da burocracia federal? Precisamos de três senadores por Estado? Dessa quantidade de deputados?
• Temer conseguirá tocar essas reformas?
O presidente faz um grande esforço para aprovar uma agenda de reformas, mas como o governo dele é de transição, um governo congressual, ele não tem a força que um presidente eleito pelo voto do povo terá para adotar essa agenda.
• Então por que o PSDB não desembarca?
O PSDB não está no governo. Ele tem ministros e apoia as reformas. Os ministros vão continuar até quando quiserem, mas o partido tem compromisso só com os projetos que tenham a ver com os interesses da nação.
• O senhor vai assumir a presidência do PSDB?
Eu transito entre todas as lideranças do partido, sempre fui solidário e correto com todos. Se o meu nome agregar, me coloco à disposição.
• Se houver mais de um candidato, o senhor disputa?
Não. Meu lema é unidade.
• Há uma preocupação no PSDB porque o senhor também foi delatado pela Odebrecht e denunciado no caso Delta, então traria de volta a suspeição que levou Aécio a se licenciar do partido...
Ninguém é obrigado a me querer como presidente, nem sou obrigado a ser se for para causar constrangimento. Não quero atrapalhar em nada e jamais forçaria a barra. As acusações são absolutamente defensáveis. Em relação à Delta, eu fui à CPI por nove horas e refutei todas as provas. Em relação à Odebrecht, é algo totalmente infundado. Falaram de caixa 2, e posso provar as contradições.
• Como o senhor explica a insurgência dos deputados cabeçaspretas?
Um partido que não tivesse essa inquietude dos mais jovens seria como o silêncio dos cemitérios. Seria uma lástima um partido de velhos. A nova executiva terá de reservar espaços para as gerações mais novas.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ouviu ontem na inauguração de um conjunto habitacional o prefeito da capital, João Doria (PSDB), negar que a disputa pela candidatura à Presidência vá afastá-los. “Não vai atrapalhar, porque estamos juntos e continuaremos juntos. Não há rusga, não há nada que nos afaste.”