Título: Histórico desfavorável
Autor: Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 08/02/2012, Economia, p. 11

Os futuros donos das concessões de Guarulhos, Brasília e Campinas — o controle só será repassado em maio — apresentam um histórico desfavorável quando o assunto é a administração aeroportuária. A Corporación América, que arrematou o aeroporto de Brasília, passou a controlar terminais na Argentina em 1998, ao receber do presidente Carlos Menem o direito de explorar 35 deles no país, incluindo dois em Buenos Aires, que respondem por 90% do tráfego aéreo da região. Em menos de um ano, começou a atrasar os pagamentos e foi obrigado a renegociar o contrato em 2007, já sob a gestão de Nestor Kirchner. O acerto previu redução da dívida e devolução de 15% das ações da companhia ao governo.

"Trocar nossas operadoras brasileiras, que são avaliadas como medianas, por empresas estrangeiras desse tipo é trocar seis por meia-dúzia, ou talvez pior", disse o professor da Universidade de Brasília e ex-presidente da Infraero Adyr da Silva. Para ele, mesmo a sul-africana Airport Company South Africa e a francesa Egis Airport Operation têm operações pequenas ao redor do mundo.

Desorganização Apesar da expectativa de investimentos, os aeroportos atualmente administrados por essas empresas apresentam os mesmos problemas conhecidos de longa data pelos consumidores brasileiros. Nas redes sociais, as reclamações são muitas. Os passageiros que circulam pelo aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, sob a responsabilidade da Corporación America, reclamam, sobretudo, do serviço de informação on-line ineficiente, da desorganização e da infraestrutura de setores do aeroporto, como as salas de embarque pequenas e desconfortáveis.

As críticas em relação à estrutura antiga se estendem ao Aeroporto Internacional San Carlos de Bariloche, também sob a tutela da empresa, apesar dos investimentos de 66 milhões de pesos feitos pelo grupo em 2011. O Tambo International Airport, principal terminal da capital sul-africana, sob a administração da ACSA, que arrematou o aeroporto de Guarulhos, também é alvo de várias reclamações. Os passageiros ressaltam, principalmente, os estacionamentos caóticos e a falta de profissionalismo por parte dos empregados. (GC)

Greve paralisa voos na França

Paris — A paralisação dos pilotos da Air France pelo segundo dia seguido provocou o cancelamento de metade dos voos de longa distância e em torno de 30% dos domésticos ontem, quando vários sindicalistas tomaram o aeroporto Charles de Gaulle (foto). Os sindicatos do setor aéreo protestam contra um projeto de lei do governo que dificulta o exercício do direito de greve, forçando cada trabalhador a dar um aviso de dois dias antes de suspender os trabalhos. Em torno de 25 mil passageiros foram avisados dos cancelamentos por mensagens de texto ou e-mails. O movimento, que se soma à confusão causada pelas temperaturas congelantes na Europa, deve ir até quinta-feira à noite.