Título: Usuários esperam melhora
Autor: Ribas, Silvio
Fonte: Correio Braziliense, 08/02/2012, Economia, p. 10
» Um dia após a notícia de que o aeroporto de Brasília foi arrematado por R$ 4,5 bilhões, os passageiros torceram para que o elevado valor pago no leilão pelo futuro concessionário se converta em serviços melhores e menos transtornos, mas sem pesar no bolso do consumidor. A esperança é de que os R$ 2,8 bilhões de investimentos em 25 anos ponham fim às precariedades, desde a falta de banheiros amplos e limpos, de estacionamentos adequados e alimentação com preço acessível.
As administradoras Lourdes Zilberberg e Simone Tavit, ambas de 36 anos, consideraram uma surpresa o valor pago pelo Aeroporto JK. "Que bom para o país que o resultado ficou acima do estimado. Espero que o dinheiro seja usado para melhorar a qualidade, inclusive da segurança", disse Lourdes. "Os lanches são muito caros e faltam lanchonetes populares", acrescentou Simone. "O serviço é péssimo, por isso espero que a privatização traga resultados positivos. A expectativa dos usuários em geral é de que tudo melhore", afirmou o bioquímico Sebastião Serrano Motta, 62 anos.
Em sua primeira viagem de avião, o comerciante de Palmas (TO) André Luiz da Silva, 52 anos, e a esposa, Maria Soleide Ferreira, 43, assistente administrativa, reclamaram dos preços cobrados pelas lojas do aeroporto. Eles se sentiam desconfortáveis com a espera de três horas para embarcar em conexão ao Rio de Janeiro. André tem a expectativa de que os concessionários não pensem só nos lucros. "Todo voo que vai ou vem de Palmas tem de passar por Brasília. Acho muito caro o preço do lanche: R$ 20 por apenas um café com pão", queixou-se Maria.
Puxadinhos Para o advogado Marcos Guimarães, 66 anos, de Belo Horizonte (MG), a administração privada dos aeroportos veio tarde porque os problemas dos terminais se agravam. "Temos mais aviões nos pátios do que nos acessos de embarque. A aviação brasileira atingiu novo patamar e precisa ser mais bem atendida. Chega de puxadinhos", desabafou.
O engenheiro de sistemas Gilberto Lacerda, 48 anos, reclamou dos estacionamentos enquanto esperava o embarque para o Rio. "Não tem lugar para estacionar o carro. A gente fica dando voltas quando vem buscar alguém", disse. Surpreso com os valores pagos no leilão, brincou: "Não sabia que aeroporto era um negócio tão bom assim".