Correio braziliense, n. 19868, 15/10/2017. Política, p. 03.

 

Pressão sobre Temer

15/10/2017

 

 

PODER EM CRISE » Funaro acusa presidente de ser beneficiário de esquema. Defesa considera “abjeto golpe”

 

 

Na semana em que a segunda denúncia envolvendo o presidente Michel Temer, desta vez por organização criminosa e obstrução de Justiça, será votada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o vazamento das imagens da delação do doleiro Lúcio Funaro à Procuradoria-Geral da República jogam mais pressão sobre os deputados e o Planalto.

Em depoimento à Procuradoria-Geral da União — que serviu como uma das bases da denúncia —  Funaro afirmou que Temer se beneficiava dos esquemas de corrupção mantidos entre ele e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).  Segundo Funaro, Cunha repassava um percentual do que recebia ao presidente.O conteúdo da delação foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso aos vídeos da delação.

Ainda de acordo com Funaro, era “lógico” que o ex-assessor especial de Temer, José Yunes, soubesse que estava entregando uma caixa com R$1 milhão para Funaro, a mando de Michel Temer, em setembro de 2014. “Ele (Yunes) tinha certeza que era dinheiro, ele sabia que era dinheiro, tanto que ele perguntou se meu carro estava na garagem, porque ele não queria que eu corresse risco de sair com a caixa para a rua.”

Afastado do cargo em dezembro do ano passado, José Yunes rebateu as acusações e disse que o delator deverá responder criminalmente pelas afirmações. A defesa do presidente afirmou que o vazamento de informações constitui um “abjeto golpe ao Estado Democrático de Direito”, com o objetivo de causar estardalhaço e constranger parlamentares que devem votar para inocentar o presidente.