O Estado de São Paulo, n. 45255, 12/09/2017. Política, p.A11

 

 

 

FHC defende 'união' entre Alckmin e Doria

Em evento em São Paulo, ex-presidente tenta minimizar mal-estar entre governador e prefeito, que se apresentam como presidenciáveis em 2018

Por: Pedro Venceslau / Marcelo Osakabe

 

Pedro Venceslau

Marcelo Osakabe

 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou ontem um evento com a participação do prefeito João Doria e do governador Geraldo Alckmin para fazer um discurso conciliador e pedir a união do partido.

Em uma fala de 40 minutos durante um almoço com empresários promovido pelo Lide, organização empresarial fundada por Doria, Fernando Henrique pediu a “união” dos dois tucanos, que são potenciais candidatos do PSDB à Presidência.

“O fato de estarmos juntos esta manhã me deixa realmente feliz da vida”, disse o ex-presidente. “Diante dos líderes aqui presentes, eu confio que eles (Doria e Alckmin) serão capazes de se unir e de nos unir a eles. Unamo-nos. Senão, os riscos de uma narrativa falsa que possa embalar a todos nós estarão aí”, afirmou. FHC citou Alckmin três vezes em sua fala e mencionou Doria apenas nos agradecimentos iniciais.

O prefeito e o governador trocaram afagos para tentar desfazer o mal-estar causado pelos movimentos de Doria. Alckmin abriu seu discurso ontem falando “da alegria de estar com João Doria três dias seguidos, disputando o prefeito com a Bia (mulher de Doria)”.

No feriado, os dois tucanos foram juntos ao desfile de 7 de Setembro em São Paulo, inauguraram unidades habitacionais e chegaram a cogitar uma ida ao cinema juntos durante o fim de semana prolongado, o que acabou não acontecendo.

Em uma rápida intervenção, o prefeito de São Paulo falou que sente “orgulho” e “satisfação” de estar ao lado de “dois grandes nomes do partido”.

 

Fila. Durante entrevista coletiva após o almoço, o ex-presidente procurou modular suas posições entre os dois tucanos. Quando questionado sobre a declaração do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), ao Estado de que Alckmin seria o primeiro da fila para a disputa de 2018, Fernando Henrique desconversou.

“Geraldo está há mais tempo na política. Nesse sentido, é o primeiro da fila. Isso significa que tem lugar garantido? Não”, declarou FHC.

O ex-presidente também evitou tomar partido em outra divergência entre Doria e Alckmin. Enquanto o prefeito defende o uso de pesquisas de intenção de voto como critério para a escolha do candidato, Alckmin rejeita a ideia eé a favor da realização de prévias.

“Pode ter pesquisa de opinião, isso vai ter peso, sempre tem peso. Mas será suficiente para se impor à decisão dos militantes do partido? É outra questão. Aí pode ter prévia também.” Quando questionado sobre quando deve acontecer a disputa interna do PSDB, FHC afirmou que ela deve ser feita até março do ano que vem.

“Eu acho que precisa se levar em consideração que os partidos precisam de tempo para fazer a campanha. Não adianta fazer uma prévia muito próxima do momento de fazer a campanha. Qual é este momento? Eu diria que o limite máximo é março.” FHC também disse que considera “boa” a disputa entre Alckmin e Doria pela vaga de candidato presidencial em 2018. “É natural que as pessoas aspirem a posições. Feliz o partido que tem muitos com vontade e possibilidade de ser presidente”, afirmou.

 

Tucanos

“Diante dos líderes aqui presentes, eu confio que eles serão capazes de se unir e de nos unir a eles (Doria e Alckmin). Unamo-nos. Senão, os riscos de uma narrativa falsa que possa embalar a todos nós estão aí.”

 

“Geraldo está há mais tempo na política. Nesse sentido, é o primeiro da fila. Isso significa que tem lugar garantido? Não.”

 

“Pode ter pesquisa de opinião, isso vai ter peso, sempre tem peso.  Mas será suficiente para se impor à decisão dos militantes do partido? É outra questão. Aí pode ter prévia também”

Fernando Henrique Cardoso

EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA