O globo, n.30845 , 18/01/2018. PAÍS, p.5

Gleisi prestou ‘desserviço’, diz secretário de Segurança do RS

ROBERTO MALTCHIK

 

 

Para Schirmer, declarações incitam violência no julgamento de Lula

O secretário estadual de Segurança do Rio Grande do Sul, Cézar Schirmer, afirmou, ontem, que a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, prestou um “desserviço” na última terça-feira, ao afirmar que “para prender o Lula, vai ter que matar muita gente”. A declaração da líder petista ocorre em meio ao clima de tensão que acompanha os preparativos para o julgamento do expresidente no TRF-4, em Porto Alegre, que poderá ou não confirmar a sentença do juiz Sergio Moro no caso do tríplex no Guarujá. Schirmer está à frente do planejamento da operação de segurança, que será executada a partir do dia 23, véspera da sessão do tribunal.

— Não me cabe analisar declarações de quem quer que seja, pró ou contra o ex-presidente Lula. Cada um é responsável pelo que diz. Agora, declarações que incitem a violência, que criem um clima de guerra, desservem ao compromisso democrático de todos nós. É lamentável que um comentário que você poderia fazer na frente do espelho, seja feito de forma pública. A manifestação de um líder vai na direção de seu liderado, de seu seguidor. E, às vezes, a interpretação não é a mais adequada. É um desserviço ao clima de tranquilidade que queremos ter em Porto Alegre no próximo dia 24 — afirmou Schirmer.

O secretário também criticou manifestações de líderes nacionais de movimentos que defendem uma eventual condenação de Lula.

— As manifestações de lideranças nacionais de diferentes correntes não têm eco aqui. Fora daqui, estão sendo muito mais violentas. Agora, quem sou eu para querer censurar quem quer que seja? Mas estas pessoas devem ter consciência das consequências muitas vezes negativas de suas declarações — disse o secretário, lembrando que, em diversas reuniões com movimentos sociais nos últimos dias, há o compromisso de manifestações pacíficas.

Schirmer confirmou o bloqueio de uma série de ruas no perímetro de segurança do TRF-4 e disse que todas as medidas estão sendo adotadas para evitar um encontro entre grupos contrários e favoráveis ao petista. Ele informou que, até o momento, não recebeu nenhum pedido de reforço na segurança dentro das dependências do tribunal, sob responsabilidade da Polícia Federal.

O secretário, no entanto, foi enfático ao afirmar que a lei será usada com extremo rigor para impedir que mascarados se infiltrem nas manifestações programadas para a próxima quarta-feira. Ele reconheceu preocupação com a possibilidade de atos de vandalismo.

— Mascarado é alguém que quer ficar oculto e, portanto, pretende algo nocivo. Além de covardia, isso pode significar algo a mais. Nós estaremos muito atentos a isso no dia do julgamento. As lideranças dos movimentos também estão atentas às infiltrações. Dentro da lei, vamos retirá-los das manifestações.

Até o momento, a polícia gaúcha não fez detenções ou mesmo se viu obrigada a agir para coibir a formação de grupos que planejem eventuais atos de violência.