Título: Brasileiro sobreviveu a incêndio
Autor: Garcia, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 18/02/2012, Mundo, p. 17

» A embaixada do Brasil em Honduras corrigiu ontem a informação de que o brasileiro Adilio Gomes Sobral teria morrido no incêndio da última terça-feira na penitenciária agrícola de Comayagua, a 80km da capital, Tegucigalpa. O chefe da representação, o embaixador Zenik Krawctschuk , visitou o detento no hospital e informou que ele já retornou ao presídio.

"Conversei com ele e com a médica que o atendeu. Ele não teve ferimentos graves e passa bem", disse. Na quinta-feira, o embaixador tinha afirmado que o preso estava entre os mortos. A imprensa local levantou a suspeita de um incêndio proposital. As autoridades não descartaram a possibilidade, mas acreditam que um curto-circuito tenha provocado a tragédia. A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu ontem que as investigações sejam "independentes e completas".

Os primeiros sinais de fogo foram vistos por volta das 23h de terça-feira (2h de quarta em Brasília). Até o fechamento desta edição, os peritos tinham confirmado a morte de 356 pessoas e liberado 10 corpos. O brasileiro dado como morto na quinta-feira cumpre pena por abuso de menores e tráfico de pessoas, há dois anos e nove meses. "O pai e a mãe dele já morreram, mas ele ainda tem família no Brasil. A embaixada vai prestar assistência", informou Krawctschuk.

O diplomata também desmentiu a morte de um mexicano. Além dos detentos, uma mulher que passava pelo local também morreu, atingida pelo fogo. O Chile enviou quatro peritos para ajudar na identificação dos corpos e El Salvador também enviou ajuda. Alguns dos detentos já voltaram à penitenciária. De acordo com testemunhas, muitos presos que conseguiram sobreviver fugiram da prisão pelo telhado. Segundo o jornal local La Prensa, as autoridades confirmaram o retorno de 477 internos.

Falhas O ministro da Segurança, Pompeyo Bonilla, reconheceu o estado "caótico" do sistema prisional do país e garantiu que os prédios serão reformados. A prisão é um complexo agrícola localizado a 500m da estrada que une San Pedro Sula, a capital econômica de Honduras, e Tegucigalpa. A penitenciária atingida pelo fogo abrigava 850 homens — o dobro da capacidade —, que se dedicavam, entre outras atividades, ao cultivo de hortaliças e à criação de porcos.

Honduras tem 24 prisões, com capacidade total para 8 mil pessoas, mas a população carcerária ultrapassa as 13 mil. Em maio de 2004, mais de 100 presos morreram carbonizados em um incêndio no presídio de San Pedro Sula, causado, segundo as autoridades, por problemas estruturais da prisão.