LUIZ ERNESTO MAGALHÃES
RENAN RODRIGUES
Ao fazer um balanço sobre o primeiro ano à frente da prefeitura do Rio, Marcelo Crivella admitiu ter cumprido só 12 de 26 metas, e disse que a falta de experiência como gestor afetou os resultados do governo. “Quero pedir desculpas para a população do Rio de Janeiro por todos os transtornos que, pela nossa falta de experiência, não fomos capazes de prevenir”. Foi assim que o prefeito Marcelo Crivella concluiu ontem o balanço de seu primeiro ano de governo divulgado num evento na Cidade das Artes, na Barra. Ao fazer um mea-culpa, ele admitiu ter cumprido apenas 12 das 26 metas (46%) que estabeleceu para o ano passado. Outras oito foram apenas parcialmente cumpridas.
Crivella agradeceu a Deus por ter sido eleito:
— Eu confesso que muitas vezes eu perguntei a Deus: o que o Senhor viu num obscuro, num anônimo, num dos últimos. O que Deus viu em mim para me dar o privilégio e a honra de servir à cidade do Rio num momento tão difícil? Isso foi algo que me deixou maravilhado diante desse desafio extraordinário.
APOIO ÀS ESCOLAS DE SAMBA
O prefeito também pediu desculpas “pelos momentos difíceis na área da Saúde quando faltaram recursos”. Segundo ele, a prefeitura não sabia que a demanda seria tão grande. Crivella culpou o aumento do número de pessoas que deixaram de ter planos de saúde, além da quantidade de pacientes vindos de outros municípios. Ele voltou a falar sobre a compra de R$ 100 milhões em medicamentos no fim do ano. Esses recursos, no entanto, não deram fim a crises graves como a do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande.
O prefeito fez um balanço das viagens que fez ao exterior para buscar parcerias público-privadas nas áreas de urbanismo e iluminação pública. Informou ter fornecido 550 mil refeições em restaurantes populares e entregado 2.181 unidades do programa Minha Casa Minha Vida. Segundo ele, a decisão de acabar com a versão do Diário Oficial em papel, por exemplo, representou uma economia de R$ 2,5 milhões por ano. Em seu discurso, ele destacou que o Instituto de Medicina Veterinária Jorge Vaitsmann abriu uma ala dedicada ao tratamento de gatos.
Uma checagem feita pelo GLOBO no fim do ano passado mostrou que a prefeitura tinha cumprido integralmente apenas nove das 50 metas propostas. A redução da quantidade de radares na cidade, por exemplo, foi considerada pela prefeitura uma promessa cumprida. O número de equipamentos realmente caiu, mas não foi devido a uma estratégia de racionalização e planejamento, como alegava o município. O corte foi por causa da falta de recursos para manter os aparelhos. Crivella também considera ter cumprido o “apoio às escolas de samba, dando mais autonomia para a captação de recursos e garantindo a infraestrutura”. Nesse item, o problema foi que a prefeitura cortou à metade a subvenção de R$ 2 milhões que cada escola esperava receber. O município rebate esse ponto, afirmando que buscou apoio da iniciativa privada para complementar os recursos.
— Eu vi tanta coisa distorcida sobre isso. E o fim foi feliz. O prefeito cumpriu compromisso de R$ 1 milhão. Quem cortou foi a Petrobras por causa da Lava-Jato. O Uber deu R$ 6,5 milhões. E também está ajudando as escolas do Grupo de Acesso — disse a subsecretária de Planejamento e Ação Governamental, Aspásia Camargo.
A subsecretária admitiu que muitos projetos programados para 2017 já estão descartados. Um deles era o que previa recursos para ajudar o governo do estado a concluir a estação da Gávea da Linha 4 do metrô. Aspásia também reconheceu ser impossível cumprir a meta de manter um guarda municipal em cada escola, que deveria ter sido atingida em 2017.
O QUE FOI FEITO E O QUE FICOU PELO CAMINHO
O prefeitura do Rio divulgou dois documentos com o balanço do primeiro ano da gestão de Marcelo Crivella. Foi destacado que deveriam ter sido cumpridas no ano passado 26 de 50 metas estabelecidas para todo o governo. Dessas, apenas 12 foram atingidas plenamente. O próprio Crivella disse que o resultado não foi o esperado devido à sua inexperiência. A seguir a lista divulgada pelo município:
Metas cumpridas
SAÚDE: Manter OSs nas unidades, com metas de produtividade e de qualidade.
SAÚDE: Fazer o Cegonha Carioca voltar a funcionar bem.
EDUCAÇÃO: Criar programa de qualificação e avaliação de professores.
EDUCAÇÃO: Criar incentivo para os pais se envolverem mais nas atividades escolares dos filhos.
EDUCAÇÃO: Dar mais autonomia pedagógica aos diretores.
EDUCAÇÃO: Interromper construção de novas escolas até que as atuais estejam funcionando bem.
TRANSPORTE: Parceria com o Crea-RJ para reforço da estrutura da ciclovia Tim Maia nos trechos da Avenida Niemeyer e do Elevado do Joá.
TRANSPORTE: Reduzir o número de radares na cidade.
SEGURANÇA: Redirecionar o foco da Guarda Municipal para a área de Segurança Pública.
CARNAVAL: Apoio às escolas de samba, dando mais autonomia para captação de recursos e garantindo a infraestrutura.
GESTÃO: Reduzir o número de secretarias e órgãos ligados diretamente ao prefeito de 31 para, no máximo, 15.
URBANISMO: Interromper o adensamento populacional nas Vargens e em Jacarepaguá.
Parcialmente cumpridas
SAÚDE: Implantar CERs dos hospitais Rocha Faria, Salgado Filho e Albert Schweitzer.
SAÚDE: Aumentar em 20% o número de leitos nos hospitais.
URBANISMO: Elaborar inventário de poda de árvore e recuperação do mobiliário de praças e parques.
SAÚDE: Manter e melhorar o programa Clínica da Família e não construir nenhuma nova até que as atuais estejam funcionando satisfatoriamente.
EDUCAÇÃO: Contratar todos os Agentes de Apoio à Educação Especial.
INFRAESTRUTURA: Concluir as obras do BRT Transbrasil e elaborar estudo para levar o BRT Transcarioca para a Ilha.
TRANSPORTE: Suspender “racionalização” dos ônibus.
TRANSPORTE: Fazer licitação das vans na Zona Oeste da cidade.
Não cumpridas
SAÚDE: Colocar R$ 250 milhões na Saúde.
SAÚDE: Estabelecer novo plano de cargos e salários para todos os servidores da saúde.
TRANSPORTE: Garantir junto ao estado a estação do metrô da Gávea.
EDUCAÇÃO: Garantir um guarda municipal em cada escola.
CULTURA: Ampliar o programa Vale Cultura.
PREVIDÊNCIA: Interromper a descapitalização dos fundos.