O globo, n.30850 , 23/01/2018. ECONOMIA, p.17

FMI projeta crescimento maior no Brasil e no mundo este ano

HENRIQUE GOMES BATISTA

 

 

Reforma fiscal terá efeito positivo na economia global, diz organismo

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima sua previsão para o crescimento econômico do Brasil este ano, agora estimado em 1,9%. A última projeção, divulgada em outubro do ano passado, era de 1,5%. Para 2019, a estimativa também é mais otimista: avanço de 2,1%, contra 2% antes. Em 2017, o FMI estima que o Brasil tenha crescido 1,1%.

 

Citando a reforma fiscal nos Estados Unidos, o Fundo revisou sua previsão para o crescimento global para 3,9% tanto para este ano como para o próximo, contra 3,7% em outubro. Segundo o organismo, os cortes de impostos nos EUA devem aumentar os investimentos na maior economia do mundo e ajudar seus principais parceiros comerciais.

O economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, ressaltou, porém, que a reforma fiscal de Donald Trump deve elevar o déficit em conta corrente dos Estados Unidos e fortalecer o dólar. As projeções do Fundo para a economia americana este ano passaram de 2,3% para 2,7%.

 

ALERTA PARA RISCO POLÍTICO

As novas projeções para o Brasil se dão devido ao cenário de “recuperação mais consistente” da economia, informa o relatório. Apesar disso, o FMI faz um alerta sobre os riscos de incerteza política, devido às eleições deste ano, pela “possibilidade de nova orientação política”.

Brasil e México vão impulsionar o crescimento da América Latina, cuja projeção para este ano ficou estável em 1,9%, enquanto a de 2019 foi elevada de 2,4% para 2,6%. Os dois países “mais que compensam o declínio venezuelano”, afirma o FMI.

Além da América Latina, o Brasil contribuiu para a melhora nas previsões globais. “Países emergentes e economias em desenvolvimento importantes, incluindo Brasil, China e África do Sul, também tiveram crescimento no terceiro trimestre mais forte do que as revisões de outono” (do Hemisfério Norte, as estimativas divulgadas em outubro).

 

OIT: TRABALHO MAIS PRECÁRIO

Enquanto isso, relatório divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê um mundo com menos desempregados, mas com um maior número de vagas precárias, sem proteção social. O documento “Perspectivas sociais e de emprego no mundo: tendências 2018” estima que a taxa global de desemprego ficará em 5,5% este ano, praticamente a mesma de 2017, após três anos de alta, mas o número dos empregados em situação precária somará 1,426 bilhão em 2019, 35 milhões a mais que no ano passado.

No Brasil, o processo é ainda mais intenso. A taxa de desemprego, pelas projeções do organismo, cairá para 11,9% este ano e 11,2% em 2019. O número de ocupados em empregos precários, no entanto, subirá de 25,3 milhões em 2017 para 26,8 milhões em 2019. Segundo Veronica Escudero, economista sênior do Departamento de Pesquisa da OIT, 25% dos dois milhões de vagas a serem criadas este ano no Brasil serão precárias.

“Embora o desemprego global tenha se estabilizado, os déficits de trabalho decente continuam generalizados, e a economia global ainda não está criando empregos suficientes. Esforços adicionais devem ser implementados para melhorar a qualidade dos empregos e assegurar que os ganhos de crescimento sejam compartilhados de forma equitativa”, afirmou no relatório o diretorgeral da OIT, Guy Ryder.

A OIT prevê que o mundo terá 192 milhões de desempregados este ano, o mesmo patamar de 2017.