Título: Vidas corroídas
Autor: Tahan, Lilian, Marcos, Almiro
Fonte: Correio Braziliense, 05/03/2012, Cidades, p. 17

"O meu marido tentou me matar. É difícil a gente achar que tem valor quando a nossa própria família não está nem aí"

Célia (*) nasceu na Bahia. Mas foi em Brasília que conheceu o amor, teve seus filhos, viveu desilusões e foi apresentada ao crack. Ela foi casada, mas saiu de casa depois de uma discussão com o marido, quando levou oito facadas, nos braços, pernas, virilha, rosto. Não suportou a dor. Mandou os filhos para morar com sua mãe na Bahia. E se entregou às drogas, à prostituição. Vive na rua. Toma banho de vez em quando, come quando dá, mas as pedras não faltam. É o crack que turva uma realidade dura demais.

(*) O nome é fictício para preservar a identidade da mulher, como recomenda o Ministério Público em casos de vulnerabilidade social.