Correio braziliense, n. 19878, 25/10/2017. Economia, p. 08.

 

Aposentados da Caixa protestam

25/10/2017

 

 

Funcionários aposentados da Caixa Econômica Federal protestaram, ontem, em Brasília, contra os descontos que estão sendo feitos no benefício para cobrir o rombo do plano de previdência complementar da instituição financeira, administrado pela Fundação dos Economiários Federais (Funcef). Reunidas em frente à sede do banco, do fundo e do Ministério da Justiça, cerca de 300 pessoas, que vieram de várias partes do país, pediram mudanças na legislação para evitar que a conta seja repassada ao servidor.

Ouvido pelo Ministério Público, o grupo tem reunião marcada para hoje com o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e deve ser ouvido também na Procuradoria-Geral da União, segundo organizadores. “Representamos centenas de trabalhadores que estão passando dificuldade para colocar o pão na mesa e comprar remédios. Trabalhamos mais de 30 anos na Caixa e estamos revoltados com o valor exorbitante que está sendo descontado do nosso rendimento para cobrir rombos”, contou Gigi Reis, uma das organizadoras do movimento.

Hoje, a fundação tem deficit de R$ 22 bilhões, mas o valor pode aumentar devido a decisões da Justiça do Trabalho e chegar a R$ 30 bilhões, de acordo com a Associação Nacional Independente dos Participantes e Assistidos da Funcef (Anipa). O rombo acumulado até junho de 2017 totalizava R$ 13,2 bilhões. Os beneficiários de dois dos quatro planos disponíveis estão arcando com um desconto de quase 11% sobre a aposentadoria.

Em maio deste ano, a Justiça Federal do Distrito Federal aceitou uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra ex-diretores da Funcef, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e sócios da construtora Engevix. A denúncia é fruto da Operação Greenfield, que investiga desvios nos quatro principais fundos de pensão do país (Funcef; Petros, da Petrobras; Previ, do Banco do Brasil; e Postalis, dos Correios). Segundo as investigações, as fraudes podem somar mais de R$ 8 bilhões. A Funcef não quis se manifestar-se.