Título: Superavit primário de R$ 20,8 bi
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 29/02/2012, Economia, p. 10/11

O Ministério da Fazenda está seguindo à risca a estratégia de abrir espaço para o Banco Central dar continuidade ao ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic), hoje em 10,5% ao ano. Em janeiro, o governo central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) alcançou um superavit primário recorde.

A economia de recursos — receitas menos despesas — obtida para o pagamento de juros da dívida pública chegou a R$ 20,8 bilhões. O montante representa 21,45% da meta de R$ 97 bilhões para o ano e 74,3% dos R$ 28 bilhões fixados para o primeiro quadrimestre.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, observou que o valor é o maior já registrado nos meses de janeiro — até agora, o recorde havia sido em 2008, de R$ 15,3 bilhões — e o segundo maior de todos os meses, atrás apenas do de setembro de 2010, quando a economia chegou a R$ 26 bilhões, com a operação de capitalização da Petrobras. "O resultado reflete o esforço do Tesouro para que o novo mix entre política monetária e fiscal seja positivo para a economia", ressaltou o secretário.

Enquanto as despesas de janeiro somaram R$ 66 bilhões, um avanço de 8% ante o mesmo mês de 2011, as receitas chegaram a R$ 86,82 bilhões, um aumento de 15,3% na mesma base de comparação. Os dados do Tesouro revelam que o superavit primário obtido foi alavancado pela queda dos investimentos. Em janeiro, foram liberados apenas R$ 6,5 bilhões, 17,4% menos que no mesmo mês de 2011. As despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somaram R$ 3,1 bilhões no período, ante R$ 2,9 bilhões em janeiro de 2011.

O balanço não considera os resultados de estados, municípios e estatais. Com eles, a meta de superavit primário do setor público é de R$ 139,8 bilhões ou 3,1% do Produto Interno Bruto. O governo afirma que cumprirá a meta sem abater os gastos do PAC. Para isso, cortará R$ 55 bilhões do Orçamento de 2012. "O resultado foi produzido muito mais pelo bom desempenho da arrecadação do que por uma redução efetiva dos gastos públicos", criticou Flávio Serrano, economista do Banco Espírito Santo (BES).