É de praxe que o ministro da Justiça seja consultado sobre as mudanças, tendo em vista que a corporação é subordinada à pasta. Segóvia é uma escolha pessoal do presidente Michel Temer. Com experiência no combate ao crime organizado, ao tráfico de drogas e de armas, ele promete mudar diretrizes para enfrentar os problemas da segurança pública.

Em entrevista ao Correio, publicada ontem, Segóvia afirmou que, nos últimos anos, a segurança pública recebeu uma atenção diferente da que era necessária por parte da corporação e disse que essa será a principal bandeira de sua gestão. “A gente está olhando muito para baixo. Quando se fala em combate ao tráfico de armas, estamos lá em baixo, olhando para o fuzil com o traficante do Rio de Janeiro. O ministro da Justiça pediu que a gente implementasse o combate ao crime transnacional, que é o grande problema no Brasil. As últimas políticas eram voltadas para problemas mais caseiros, sem uma visão mais ampla de segurança pública”, destacou.

A nomeação dele faz com que as atenções da sociedade se voltem para a Operação Lava-Jato, que investiga crimes na cúpula dos poderes Executivo e Legislativo. Assim que Segóvia foi anunciado como o novo chefe da corporação, logo surgiram dúvidas quanto a influências políticas na chegada dele ao cargo. O vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Flávio Werneck, destacou que é importante aprimorar as investigações nos próximos anos. “Nós que representamos os policiais federais como um todo, esperamos que ele não cometa os mesmos erros na gestão Daiello. Esperamos que se modernize a investigação, trabalhe a prevenção ao crime e dê mais atenção para o policiamento nas fronteiras do Brasil. Essas regiões são críticas para a segurança do país. Tem ainda a questão da fiscalização da segurança privada. Temos muito o que dialogar e repensar nesta nova gestão”, destacou.

Mudanças

Fernando Segóvia também vai renovar a equipe de direção e deve realizar mudanças no comando de algumas superintendências regionais. Logo após a posse, no começo da tarde, serão realizadas reuniões com delegados, com representantes de entidades de classe e com autoridades, para definir as primeiras decisões a serem tomadas. Desde que foi anunciado no cargo, Segóvia tem visitado representantes de diversas instituições. Ele já se reuniu com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com o ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e com o ministro da Justiça, Torquato Jardim. “Eu tenho certeza de que ele vai realizar um bom trabalho. É extremamente qualificado e tem o respaldo dos colegas de trabalho”, diz o deputado Rogério Rosso (PSD-DF).