Correio braziliense, n. 19900, 16/11/2017. Política, p. 04.

 

 

Admar é denunciado ao STF

Bernardo Bittar

16/11/2017

 

 

JUSTIÇA » Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) responderá à acusação por lesão corporal Ex-mulher Élida Souza Matos teria sido empurrada

 

 

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga Neto por lesão corporal contra sua ex-mulher, Élida Souza Matos. A vítima teria sido xingada e empurrada e, por isso, registrou um boletim de ocorrência em junho deste ano — mas retirou em seguida. O Ministério Público, no entanto, continuou investigando o caso. Como Gonzaga é ministro e detentor de foro privilegiado, a acusação tramitará apenas no Supremo Tribunal Federal (STF), mas precisa ser aceita pela Corte para que Gonzaga se transforme em réu. Segundo a defesa do ministro, após o episódio, o casal se desfez e hoje vive em casas separadas.

Em depoimento à Polícia Civil do DF, Élida disse que o ministro derramou enxaguante bucal em seu corpo e empurrou seu rosto com as duas mãos durante uma briga, no banheiro do casal. Ela estava com o olho roxo e disse que, além de a agredir, Admar a machucou verbalmente, xingando de “prostituta”, “vagabunda”, “escrota” e dizendo que ela não “vale” o que ele “representa” — o cargo de membro do Judiciário. Élida finalizou as acusações afirmando que o marido disse que ela “não serve nem para pano de chão”, e qualificou Admar Gonzada como um homem “bastante agressivo”.

Além das agressões físicas e verbais, Élida afirmou que ainda sofreria “pressão psicológica”, pois, como à época dependia financeiramente de Gonzaga, ele a subjugava, em suas palavras: “valendo-se de seu status de ministro do TSE”. No mês passado, o ministro enviou um documento ao STF negando as acusações de que teria batido na mulher e que, em vez de apanhar, ela escorregou no enxaguante bucal durante uma discussão.

Segundo o advogado Pedro Machado de Almeida Castro, a defesa ficou “sabendo do caso pela imprensa e nem sequer teve acesso aos autos”. Ele disse que sabia da investigação, mas o que não tinha conhecimento era a denúncia da PGR. “Mas já nos manifestamos. Existe um mal entendido. O casal está separado, vivendo em casas diferentes, mas havia uma tentativa de reaproximar. A exploração da mídia nesse caso, inclusive, atrapalha esse processo”, contou ao Correio.

Pedro Machado informou que Admar Gonzaga e Élida Matos viveram juntos por 11 anos e que “não sabe nem se eles chegaram a se casar”. Admar Gonzaga é advogado especialista na área eleitoral e foi nomeado como ministro do TSE pelo presidente Michel Temer em abril. Ele foi o mais votado de uma lista tríplice enviada pelo STF à Presidência da República.

 

Frase

“Existe um mal entendido. O casal está separado, vivendo em casas diferentes, mas havia uma tentativa de reaproximar”,

Pedro Machado de Almeida Castro, advogado de Admar Gonzaga