Correio braziliense, n. 19907, 23/11/2017. Política, p. 04.

 

 

Posse com gafe nas redes sociais

Rodolfo Costa e Paulo de Tarso Lyra

23/11/2017

 

 

PODER » Alexandre Baldy assume o Ministério das Cidades, mas conta do Planalto no Twitter anuncia troca de Antônio Imbassahy por Carlos Marun, o que acabou não ocorrendo

 

 

A reforma ministerial, enfim, começou a tomar forma. Em cerimônia realizada ontem no Palácio do Planalto, o deputado federal Alexandre Baldy (sem partido), de Goiás, tomou posse como ministro das Cidades. Como destacou durante o discurso o próprio presidente da República, Michel Temer, o parlamentar foi escolhido a dedo pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também esteve presente. A definição do novo auxiliar do governo federal agrada ao Centrão, que cobrava um ajuste proporcional ao apoio dado pelo PSDB na Casa.

Mas nem tudo está resolvido. Falta, ainda, a definição do sucessor do tucano Antônio Imbassahy, atual ministro-chefe da Secretaria de Governo. Por algumas horas, o vice-líder do PMDB na Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS), esteve com um pé na Secretaria de Governo. A expectativa de alguns aliados era de que a posse de Baldy ocorresse com a do peemedebista. Inclusive, o perfil oficial do Planalto no Twitter publicou, no início da tarde, a informação de que o parlamentar seria empossado na mesma cerimônia que o ministro das Cidades. A mensagem foi apagada minutos depois.

Aliados de Temer garantem que a expectativa era, sim, de que Marun assumisse a articulação política do governo. Faltou, no entanto, uma definição do PSDB. “Está tudo certo para que o Marun assuma a articulação. O que está faltando? O Imbassahy se arrumar com o PSDB. Por isso, provavelmente, a troca vai ocorrer após a votação da reforma da Previdência, no início de dezembro”, afirmou um governista.

O tucano é um dos nomes de confiança de Temer e pode permanecer no governo, mas em outra pasta. Há especulações de que Imbassahy possa ir para o Ministério da Transparência, atualmente ocupado interinamente por Wagner Rosário, ou de Direitos Humanos, atualmente com a tucana Luislinda Valois. Interlocutores do presidente, no entanto, avaliam que há uma possibilidade de que ele retome o posto de deputado. “Quem está dizendo que o Imbassahy pode ir para uma dessas pastas provavelmente não é aliado dele. Em vista disso, vejo que há uma tendência de que ele volte para a Câmara”, ponderou.

 

Previdência

Alheio às definições sobre quem vai assumir a articulação política, Baldy cumpriu o papel esperado pelo governo e mostrou afinidade com a agenda reformista do governo federal. “Não há dúvidas de que, com as reformas feitas, e as que virão, conseguiremos diminuir a desigualdade e, com pouco mais de tempo, estaremos orgulhosamente entre os países que mais avançam e promovem a Justiça social. Este é o pilar do ministério das Cidades”, declarou. “É tempo de reconstrução, combater os desperdícios, tempo de uma nova Previdência”, acrescentou.

O discurso de Baldy foi sucedido por Maia, que não escondeu a satisfação em ver o amigo no posto. “Ele relatou matérias tão importantes com tanta competência. Algumas vezes, achava que estaria com muitos problemas. Mas, com esse jeito dele, dava pouco trabalho e eu acabava ficando com os louros com a votação da matéria”, disse. O presidente da Câmara voltou a destacar que a reforma da Previdência não é de interesse apenas do governo, mas também do Congresso e dos brasileiros. “Ela precisa ser feita para acabar com a maior transferência de renda que o Brasil tem, e não é o Bolsa Família. É a Previdência, em que os pobres financiam os ricos. É essa transferência que queremos combater”, afirmou.