Correio braziliense, n. 19909, 25/11/2017. Política, p. 04.

 

 

Gleisi na mira da PGR

25/11/2017

 

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pede a condenação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, no processo em que são acusados de serem beneficiados com R$ 1 milhão no esquema de corrupção na Petrobras. O dinheiro teria sido usado na campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. Como a parlamentar tem foro privilegiado, o parecer da PGR seguiu para Supremo Tribunal Federal (STF). O documento enviado à Justiça também pede que os dois paguem R$ 4 milhões em multas e que a senadora perca o cargo.


“A acusação formulada pela PGR foi baseada somente em depoimentos claramente conflitantes de três colaboradores premiados. Ao longo do processo, foram apresentados documentos, prestados testemunhos e ouvidos outros colaboradores que refutaram veementemente a acusação, seja sob o prisma da inexistente solicitação de valores a Paulo Roberto Costa ou da mentirosa história de entrega de valores por Alberto Youssef e Antônio Pieruccini”, afirmou o advogado do casal, Rodrigo Mudrovitsch.

Ainda segundo a defesa, Gleisi está “certa de que os fatos foram integralmente esclarecidos ao longo da instrução”, e afirmou que a senadora “apresentará as alegações finais confiando em sua absolvição em um julgamento técnico por parte do Supremo Tribunal Federal”.

No parecer enviado ao STF, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma ter fixado o valor de R$ 4 milhões por “danos morais e materiais pelos crimes”. O valor corresponde a quatro vezes a propina que teria sido solicitada pela petista. A PGR disse ainda que “os prejuízos decorrentes da corrupção são difusos (lesões à ordem econômica, à administração da Justiça e à administração pública, inclusive à respeitabilidade do parlamento perante a sociedade brasileira), sendo dificilmente quantificados”.

Segundo delatores na Operação Lava-Jato, o valor seria oriundo de recursos desviados de contratos da Petrobras. Ambos foram citados nas delações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.

O PT informou em nota que “são totalmente falsas as acusações feitas contra a senadora Gleisi Hoffmann na ação penal que ela responde com o ex-ministro Paulo Bernardo”, além de dizer que “as alegações finais da Procuradoria-Geral da República repetem os mesmos vícios da denúncia original, infundada e arbitrária”. Por fim, o partido alega que “a violência cometida contra a presidente nacional do PT mostra, mais uma vez, a perseguição contra o partido e suas lideranças, movida por setores do sistema judicial e da mídia”.