Título: Um passo importante
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 09/03/2012, Mundo, p. 16

"A deserção de Abdo Hussamedim é, potencialmente, um importante desdobramento da crise. Trata-se do mais alto membro do governo de Al-Assad a abandonar o regime. Ainda é muito cedo para dizer se isso sinalizaria um padrão mais amplo de deserção. De qualquer forma, esse episódio vai aumentar a moral da oposição. O Ministério do Petróleo não é tão evidente na Síria, pelo fato de o país não ser um grande produtor.

No momento, os sinais de insatisfação com Al-Assad na cúpula do governo não são visíveis. No entanto, isso é algo a esperar. Qualquer exibição de aflição das autoridades será indubitavelmente ameaçadora para ela e para a família. É difícil avaliar o humor da liderança em Damasco neste momento.

Como enviado especial da ONU, o ex-secretário-geral Kofi Annan defende que o governo sírio imponha um cessar-fogo, interrompa os assassinatos e concorde em encontrar uma solução política para o conflito. Isso exigiria a mudança de regime, ou seja, uma nova liderança interina, seguida por eleições monitoradas por observadores internacionais.

Ninguém sabe ao certo a real extensão da emergência humanitária na Síria. Mas é evidente uma necessidade desesperada por comida e medicamentos na devastada cidade de Homs. Há relatos de grave escassez de alimentos, remédios e água em outras partes do país."

Richard Falk é especialista em direito internacional pela Universidade de Princeton

Mulheres árabes cobram seus direitos

No Dia Internacional da Mulher, elas decidiram pedir um basta à política sexista de países árabes. Em Islamabad, 80 paquistanesas marcharam para exigir mais direitos (E). "A meta é marcar as conquistas econômicas, políticas e sociais das mulheres", admitiu ao jornal Dawn Nasira Jamil, presidente do Islamabad Crescent Lions Club. Na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, palestinas (D) saíram às ruas para lembrar a data e pedir a libertação de Hanaa Chalabi, prisioneira em Israel em greve de fome.

Ao mesmo tempo, oito mulheres que participaram dos levantes da Primavera Árabe divulgaram um apelo pela dignidade e pela igualdade. "Nenhuma democracia pode ser construída em detrimento da metade da sociedade", afirmaram. O texto foi redigido pela ativista tunisiana Souhayr Belhassen e pela advogada Bochra Hmida; pelas egípcias Shahinaz Salam (blogueira), Nawal El Saadawi (escritora) e Tahani Rached (cineasta); além da romancista síria Samar Yazbek, da advogada líbia Azza Maghur e da ensaísta argeliana Wassyla Tamzali.