Valor econômico, v. 17, n. 4333, 04/09/2017. Brasil, p. A2.

 

 

Presidente da Infraero critica concessões de aeroportos

Marcos de Moura e Souza

04/09/2017

 

 

O presidente da Infraero, Antônio Claret de Oliveira, voltou a mostrar discordância em relação ao plano do governo Michel Temer de transferir aeroportos importantes da empresa, entre eles Congonhas e Santos Dumont, para a iniciativa privada. O objetivo do governo é obter receitas extras que ajudem as contas públicas.

"Na minha visão, precisamos preparar os ativos, enxugar os ativos, abrir capital, valorizar muito a empresa e, em anos, privatizar, se for o caso. Nós todos, como cidadãos comuns, queremos o governo voltado para a saúde, segurança e educação, mas também não queremos jogar dinheiro fora", disse o executivo em Belo Horizonte.

Além de aeroportos da Infraero e de suas participações em sociedades com parceiros privados, foram incluídos no pacote de concessões a venda de portos, hidrelétricas, a Casa da Moeda, entre outros ativos.

No mês passado, Claret enviou um ofício ao ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa, dizendo que, se o governo conceder aeroportos superavitários da Infraero para consórcios privados, o Tesouro "inevitavelmente" terá de aportar recursos na Infraero "para manutenção do custeio". Os custos que o Tesouro teria de assumir, estimou ele, seriam de R$ 3 bilhões ao ano.

Claret voltou à carga na semana passada. "A empresa precisa garantir o subsídio cruzado para que os grandes aeroportos possam subsidiar os pequenos e médios e garantir a integração nacional", disse. "Não vivemos só de Congonhas. Temos Tabatinga, Tefé, Pelotas, vários outros aeroportos fundamentais para a integração nacional."

Claret lembrou que o governo já realizou reunião do programa de parcerias e investimentos e que os aeroportos em estudo já entraram em fase de pré-qualificação. "Mas a qualificação só é feita após a assinatura do presidente da República. Estamos trabalhando para mostrar que devemos colocar a iniciativa privada próxima da área publica, mas temos que saber o momento e como, para não ter perdas pesadas para o governo", disse Claret antes de um encontro com integrantes da Sociedade Mineira de Engenheiros.

O presidente da Infraero afirmou que, ao contrário do que afirmam alguns, não é contra o processo de concessões de aeroportos da Infraero. "Faço parte do governo e defendo os projetos que lá estão transitando", disse. "O que defendo é a melhor preparação da empresa para esse momento."