Valor econômico, v. 17, n. 4333, 04/09/2017. Brasil, p. A3.

 

Importação cai mais que o esperado

Marta Watanabe

04/09/2017

 

 

As exportações não sustentaram o ritmo de crescimento de 5,2% no primeiro trimestre e desaceleram para alta de 0,5% no segundo trimestre, sempre na comparação com os três meses anteriores, na série com ajuste sazonal. Ao mesmo tempo a importação recuou 3,5% de abril a junho, em queda maior que a esperada, após alta de 0,6% no primeiro trimestre.

Para Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a desaceleração das exportações reflete o baixo dinamismo e a falta de diversificação da pauta de exportação brasileira. Ele explica que o crescimento no primeiro trimestre foi puxado pelo agronegócio. Passada a safra, não há diversificação suficiente para que a sazonalidade seja compensada com as exportações de outros setores.

Como contribuição do setor externo ao PIB, destaca Cagnin, parte da desaceleração das exportações foi compensada pela queda de 3,5% de abril a junho das importações. O economista, não crê, porém, que as importações voltem a "mergulhar" como no ano passado, quando as quedas chegaram a cerca de 7%.

Para o economista Livio Ribeiro, pesquisador da área de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), a queda das importações no segundo trimestre indica que os desembarques podem ficar abaixo do esperado em 2017, o que deve gerar uma contribuição positiva do setor externo para o PIB.

Ele explica que o crescimento de 0,5% das exportações no segundo trimestre veio em linha com o esperado, mas as importações tiveram queda maior que a estimada, de 1,9%. Por isso as projeções para o ano, afirma, estão sendo revisadas. Até os dados do primeiro trimestre, a projeção do setor externo para o PIB era próxima de zero, com tendência para o negativo. Agora a estimativa deve ser de contribuição levemente positiva.