Valor econômico, v. 17, n. 4352, 02/10/2017. Política, p. A10.

 

 

Só denúncia de Raquel pode mudar opinião da Câmara

Raymundo Costa

02/10/2017

 

 

A menos que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, assine uma denúncia contra Michel Temer, a situação do presidente na Câmara dos Deputados em relação ao pedido em tramitação está tranquila, inclusive nos partidos aliados que demonstram maior insatisfação com o governo.

Uma representação de Raquel Dodge é considerada improvável no Congresso. Se ocorresse, retiraria todo o caráter de vindita pessoal dos pedidos feitos pelo antigo procurador-geral Rodrigo Janot. Mas não existe nenhum movimento nesse sentido, ao menos visível aos sensores do Congresso.

É por essa razão que os dirigentes de partidos como o PP e o PR, os que mais reclamam do Palácio do Planalto, afirmam que apenas o mau humor não será bastante para se refletir no voto das bancadas, por enquanto majoritariamente pró-Temer. O PP é o aliado mais emburrado com o governo.

Temer esperava mais votos do que teve a seu favor na primeira denúncia, especialmente vindos do PSDB. Mas o afastamento do mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG), determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tem o poder de reacender as divergências internas entre os tucanos, o que não é bom para o presidente, neste momento.

A segunda denúncia do ex-procurador-geral Rodrigo Janot contra Michel Temer é considerada mais fraca que a primeira, entre os parlamentares, inclusive porque trata de assuntos que teriam ocorrido quando Temer não era o presidente. O chefe da nação somente pode ser responsabilizado judicialmente por atos praticados no exercício da função.