Título: Pepe no lugar de Florence. De quem?
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 10/03/2012, Política, p. 05

Dilma troca o 12º ministro na Esplanada. Agora é a vez do Desenvolvimento Agrário, que permanece comandado pelo PT

Apresidente Dilma Rousseff repetiu a estratégia do silêncio e promoveu, no início da noite de ontem, mais uma troca na Esplanada dos Ministérios. Apontado como um dos ministros mais fracos do primeiro ano de mandato, Afonso Florence, do PT da Bahia, deixa o Ministério do Desenvolvimento Agrário e será substituído pelo também petista Pepe Vargas (RS). Segundo a Secretaria de Comunicação, Florence sai por conta de "projetos pessoais, além Câmara".

Por meio de nota, a presidente afirma que Florence "conduziu com dedicação e eficiência ações que fortaleceram a agricultura familiar e contribuíram para a redução da pobreza no campo e para a promoção de inclusão social". Dilma também desejou boa sorte a Pepe Vargas e afirmou estar certa de que ele "exercerá as novas funções com o mesmo empenho e compromisso que têm caracterizado sua vida pública".

Pepe Vargas é médico e exerce a segunda legislatura no Congresso. O deputado já foi prefeito de Caxias do Sul por duas vezes, vereador e deputado estadual. É presidente da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa e tido como um bom administrador. A indicação de Pepe é uma tentativa do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), de cacifar-se no Palácio do Planalto. A relação entre ele e a presidente Dilma Rousseff vive novo momento de baixa.

Maia já impediu a primeira votação da Fundação da Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp), insatisfeito com a indicação de um aliado para o Banco do Brasil em Angola. Como o governo quer votar o Código Florestal (leia mais na página 6), a estratégia parecia ser uma tentativa de amansar o presidente da Câmara. Mas fontes ouvidas pelo Correio apontam que Pepe é uma escolha pessoal da presidente Dilma Rousseff, independentemente da vontade de Maia.

Por outro lado, é o terceiro baiano que deixa o governo federal na esteira das reformas na máquina federal. Destes, o único nome dado como certo era o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte. Havia especulações sobre a saída de Florence, mas Dilma surpreendeu ao antecipar para este ano a substituição de José Sérgio Gabrielli na presidência da Petrobras. Florence é o 12º ministro a deixar a Esplanada.

Trabalho Com medo de ficar sem a vez na fila, o PDT aumentou a pressão para não perder Ministério do Trabalho para o bloco PTB-PSC. A presidente Dilma Rousseff deve definir a situação na próxima semana, temerosa de intensificar a crise política com a base aliada. Único deputado pedetista a votar com o governo na aprovação da Funpresp, Brizola Neto (RJ) esteve ontem no Palácio do Planalto para uma audiência com o ministro Gilberto Carvalho. Conversaram sobre o Encontro Mundial da Juventude de 2013, no Rio, e como os jovens podem ter "condições mais dignas de trabalho", debate que será travado em uma cúpula de países latinoamericanos que será realizada em breve.

Chefes de Estado na Rio+20 O Ministério das Relações Exteriores confirmou a participação de mais de 50 chefes de Estado na Conferência Rio+20, marcada para 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. A estimativa foi informada na noite de ontem, após a V Reunião da Comissão Nacional para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que contou com a participação do embaixador da ONU Sha Zukang, secretário-geral da Rio+20, além de nove ministros, incluindo o de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que Teixeira informou que são esperados 50 mil participantes.