Título: Incertezas sobre 2013
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2012, Economia, p. 10

Mesmo diante de boas notícias acerca da inflação, com deflação em alguns índices e desaceleração em outros, o mercado levanta dúvidas sobre os preços de 2013. Ontem, segundo levantamento semanal feito pela autoridade monetária com cerca de 100 analistas, os economistas elevaram a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do próximo ano, que passaram de 5,11% para 5,20% — uma mensagem clara para o BC de que o mercado não acredita na atual política monetária.

Apesar da descrença do mercado, a inflação em baixa neste início de ano tem facilitado a missão do Banco Central. Ontem, o Índice de Preços ao Consumidor calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) registrou deflação de 0,07% e confirmou o bom momento para o custo de vida no país. Somado a isso, o mercado entende que nos cálculos do BC o IPCA acumulado em 12 meses deve desacelerar pelo menos até julho — situação que permitirá que a Selic caia para até 8,75% ao ano.

O mercado também prevê para o ano que vem, ao contrário do cenário para a taxa de juros deste ano, a retomada do ciclo de aperto monetário. Para 2013, segundo projeções dos especialistas, a taxa Selic voltará a subir a partir de março, ao ritmo de 0,25 ponto percentual, até chegar em julho a 10,5% ao ano, o mesmo patamar atualmente em vigor. A pesquisa do BC desta semana trouxe ainda a previsão de aumento para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. As projeções mostram que a expansão passará de 4,1% para 4,15%. (VM e VC)

Serviços pressionam Segundo economistas ouvidos pelo Correio, o Banco Central enfrenta dificuldades para convencer o mercado em relação ao custo de vida em 2013. As projeções do mercado para a inflação, em função da política monetária mais frouxa e da expectativa de que a taxa básica de juros (Selic) chegue a um dígito, ficaram dispersas — variam de 4,5% a 6%. Os analistas olham ainda com desconfiança para a inflação de serviços, que continua próxima de 8% em 12 meses. Para eles, ela só vai ceder se o país entrar em recessão ou se desemprego aumentar.

Recorde no petróleo Dados divulgados ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostraram que a produção brasileira de petróleo atingiu 2,23 milhões de barris diários em janeiro — um recorde. O resultado representou um aumento de aproximadamente 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com dezembro de 2011, a alta foi de 0,8%. De acordo com a pesquisa mensal do órgão regulador, foi o segundo mês consecutivo em que a produção nacional superou a marca de 2,2 milhões de barris diários. No primeiro mês do ano, o país produziu ainda 71,1 milhões de metros cúbicos diários de gás natural, com alta de 7,3% em relação a janeiro de 2011 e de 0,3% sobre dezembro passado. As atividades no Campo de Marlim Sul, o líder em produção, puxaram o desempenho no início de 2012.