O globo, n. 30843, 16/01/2018. PAÍS, p.3

Presidente do TRF-4 relata a Cármen Lúcia medo de violência no dia 24

Carolina Brígido

 Cleide Carvalho

 Roberto Maltchik

 

 

Manifestantes devem ficar a mais de um quilômetro da sede do tribunal

Preocupado com ameaças a desembargadores em redes sociais, o presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, desembargador Thompson Flores, esteve ontem em Brasília e fez um relato a autoridades de diferentes órgãos sobre os riscos de segurança durante o julgamento do ex-presidente Lula, marcado para o próximo dia 24. O magistrado mencionou ainda temor com a possibilidade de dano ao prédio do tribunal.

No Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia aconselhou Thompson Flores a apresentar um ofício ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O desembargador também esteve no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, no Ministério da Justiça e na ProcuradoriaGeral da República para tratar do julgamento de Lula.

A polícia gaúcha ainda não recebeu nenhum informe oficial de ameaças a desembargadores ou mesmo ao prédio do tribunal. A polícia gaúcha já decidiu fazer um bloqueio total da área, deixando os manifestantes a uma distância superior a um quilômetro do local onde ocorrerá o julgamento. Também haverá acompanhamento no trajeto de manifestantes.

No último dia cinco, o PCdoB de Mato Grosso do Sul suspendeu por 120 dias um de seus filiados que fez ameaças contra os integrantes do TRF-4. O corretor de imóveis Urias Fonseca Rocha, 58 anos, que foi candidato a vereador pela coligação PT-CdoB em Campo Grande, em 2016, divulgou áudio incitando a militância a “começar a estourar a cabeça de coxinha, de juiz, mandar esses golpistas para o inferno”. Rocha disse que foi mal interpretado.

Em nota, o PT afirma que “a inusitada movimentação do presidente do TRF-4 é uma clara tentativa de tumultuar o ambiente em torno do julgamento.

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, que acompanhou o presidente do TRF-4 em Brasília, criticou o alarde “desnecessário” de manifestantes, lembrando que Lula ainda tem uma série de recursos pela frente.

— É preciso que a magistratura tenha condições de independência e tranquilidade para proceder o julgamento — disse Veloso.(Carolina Brígido, Cleide Carvalho e Roberto Maltchik)