Valor econômico, v. 17, n. 4346, 22/09/2017. Política, p. A7.

 

 

Em nota, Temer refuta trechos da delação de Funaro

Andrea Jubé

22/09/2017

 

 

O presidente Michel Temer divulgou ontem nota oficial para rebater trechos da delação premiada do doleiro Lúcio Bolonha Funaro que vieram a público na parte da manhã. "O doleiro Lúcio Funaro mais uma vez desinforma as autoridades do Ministério Público Federal. Todos imóveis do presidente Michel Temer foram comprados de forma lícita e estão declarados à Receita Federal", afirma o comunicado.

De acordo com trechos do depoimento de 23 de agosto, divulgados pelo jornal "O Globo", Funaro afirmou que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) "redistribuía propina a Temer, com 110% de certeza". Acrescentou que o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, lavava dinheiro para Temer por meio da aquisição de imóveis.

O comunicado da Secretaria de Comunicação Social rebate a acusação de Funaro de que Temer teria "um andar inteiro na avenida Brigadeiro Faria Lima em São Paulo", sendo que estas salas teriam sido adquiridas com valores ilícitos.

"O imóvel na avenida Faria Lima, em São Paulo, por exemplo, foi adquirido no início de 2003. Eduardo Cunha sequer era filiado ao PMDB no momento da compra", diz a nota.

Temer afirma que os recursos para comprar as salas vieram de "contas pessoais e aplicações do presidente, todos devidamente declarados em Imposto de Renda". A nota detalha as aplicações:

"1 - R$ 220 mil aplicados em renda fixa no Banespa;

2 - R$ 323 mil aplicados em fundo de investimento no Santander;

3 - R$ 235 mil aplicados em fundo de investimento no Banco do Brasil;

4 - R$ 252 mil aplicados em fundo de investimento no Banespa;

5 - R$ 194 mil em crédito referente à parte de pagamento pela venda de casa na rua Flávio de Queiroz Morais, 245

6 - R$ 1 milhão provenientes de Temer Advogados Associados, honorários recebidos por ação do início da década de 1970".

"Essas foram as economias usadas para adquirir as salas, pagas à vista. O prédio só foi entregue efetivamente em 2010. Funaro continua espalhando mentiras e inverdades de forma contumaz, repetindo o mesmo roteiro de delações anteriores, em que traiu a confiança da Justiça e do Ministério Público, com já registrou a Procuradoria-Geral da República", conclui o documento.