O Estado de São Paulo, n. 45302, 29/10/2017. Política, p.A9

 

 

 

 

Ministros poderão pagar própria emenda

Titulares do Turismo, Cidades e Meio Ambiente reassumiram mandato na Câmara e apresentaram propostas vinculadas às pastas que comandam

Por: Isadora Peron

 

Isadora Peron / BRASÍLIA

 

Oito ministros que reassumiram os seus mandatos na Câmara dos Deputados para votar pela suspensão da segunda denúncia contra Michel Temer, na quarta-feira passada, apresentaram emendas parlamentares para destinar recursos aos seus respectivos redutos eleitorais. Levantamento feito pelo Estado mostrou que três deles encaminharam emendas vinculadas às pastas que comandam: Marx Beltrão (Turismo), Bruno Araújo (Cidades) e Sarney Filho (Meio Ambiente).

Na prática, essas emendas, que juntas somam R$ 12,3 milhões, poderão ser liberadas pelos próprios ministros. Na avaliação de técnicos da Comissão Mista do Orçamento de Congresso, o fato de o ministro ter indicado emenda vinculada à pasta que comanda facilita o processo de fazer com que o di- nheiro chegue ao destino final com mais celeridade.

Deputado pelo PMDB de Alagoas, Beltrão apresentou cinco emendas para “apoio a projetos de infraestrutura turística” em várias cidades, totalizando R$ 6,4 milhões. Dois dos municípios que podem ser beneficiados são administrados por tios do ministro: Piaçabuçu e Feliz Deserto.

Em nota, a assessoria do ministro negou conflito de interesse. “O Ministério do Turismo entende que não há conflito de interesse na indicação de qualquer emenda parlamentar para Estados ou municípios inquestionavelmente turísticos como é o caso de Alagoas”, afirmou.

Já Bruno Araújo, do PSDB de Pernambuco, destinou uma emenda de R$ 5,8 milhões para “apoio à política nacional de desenvolvimento urbano”. Neste ano, o ministro tucano já empenhou R$ 5 milhões de emendas próprias com verba do Ministério das Cidades. A assessoria da

pasta afirmou que “não há conflito de interesses quando todas as emendas são obrigatórias por determinação constitucional”. “A emenda será empenhada independentemente se o titular for ministro ou não. O tratamento é equânime para qualquer parlamentar.”

No caso de Sarney Filho, do PV do Maranhão, foi uma emenda de R$ 100 mil para apoio a “ações de educação ambiental

voltadas para a realização da Copa Verde”, um campeonato de futebol que reúne times do Norte e do Centro-Oeste do País. A assessoria do Ministério do Meio Ambiente disse que essa era questão relativa ao mandato parlamentar do ministro e não se manifestou.

Titular da pasta responsável pela liberação de emendas, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB- BA), também apresentou suas emendas quando retornou à Câmara, a maioria delas direcionada a Salvador, onde já foi prefeito. “As emendas protocoladas seguem a determinação legal de que 50% dos recursos sejam destinados à saúde e o restante reflete as demandas apresentadas pelos municípios”, disse a Secretaria de Governo.

Outros quatro ministros que também se licenciaram dos cargos apresentaram emendas – Mendonça Filho (Educação), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Ronaldo Nogueira (Trabalho) e Maurício Quintella (Transportes) –, mas as propostas não tinham ligação com as pastas que comandam.

 

Redutos. O prazo para a apresentação das propostas terminou no dia 20 deste mês. As emendas são as principais ferramentas para que deputados e senadores possam indicar benfeitorias. Em ano de eleição, esse dinheiro é essencial para mostrarem serviço em suas bases e garantirem retorno nas urnas.

De acordo com o Orçamento que está em discussão no Congresso, cada parlamentar terá direito a R$ 14,8 milhões em emendas em 2018. Uma vez propostas, elas passam por uma avaliação de um comitê do Congresso. Após a liberação da verba, o órgão responsável recebe aval para a execução.

 

Plenário. Sessão da Câmara dos Deputados, na quarta-feira passada, que barrou a segunda denúncia contra Temer, teve a participação de ministros

 

VALORES

Marx Beltrão Turismo

Ministro é deputado licenciado pelo PMDB-AL

R$ 6,38 mi

é o valor de cinco emendas apresentadas por Beltrão vinculadas à pasta que comanda

 

Bruno Araújo Cidades

Ministro é deputado licenciado pelo PSDB-PE

R$ 5,78 mi

é o valor de uma emenda parlamentar apresentada vinculada à pasta do tucano

 

Sarney Filho Meio Ambiente

Ministro é deputado licenciado pelo PV-MA

R$ 100 mil

é valor de uma emenda apresentada por Sarney Filho vinculada ao Meio Ambiente

 

 

 

 

Internado em SP, Temer está estável e deve ter alta amanhã

 

Equipe do Sírio-Libanês relata quadro de saúde estável do presidente depois de procedimento de raspagem da próstata
Por: Nayara Figueiredo

 

Nayara Figueiredo

 

Depois de passar por um procedimento médico para desobstrução da uretra, na noite de sexta-feira, o presidente Michel Temer permanecia internado ontem no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com previsão de alta amanhã. A informação foi dada pelo médico Roberto Kalil Filho, que coordena a equipe responsável pelo presidente. “O presidente está no apartamento, muito bem, com quadro estável e terá alta na segundafeira”, afirmou Kalil.

Hoje, um boletim de rotina deve ser divulgado, mas o horário da saída de Temer do hospital será definido na segunda-feira. A expectativa é que ele permaneça em repouso na capital paulista até terça e retorne a Brasília na quarta.

O urologista Miguel Srougi, que também participou da entrevista coletiva, disse que na quarta-feira passada Temer sentiu um desconforto, teve um sangramento e não conseguiu expelir a urina. Inicialmente, não se sabia se a obstrução era causada por problemas na bexiga ou crescimento na próstata.

Neste mesmo dia, quando a Câmara votou a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente, ele foi internado no Hospital Militar, em Brasília, onde precisou colocar uma sonda.

 

Benigno. “Temer só veio para São Paulo pela proximidade com os médicos desta instituição”, afirmou Srougi. Segundo ele, se constatou que a retenção urinária era causada por crescimento da próstata, patologia que já havia acometido Temer e comum a pelo menos 90% dos homens.

“Foi feita uma biópsia para constatar que não haveria câncer e o resultado foi benigno”, enfatizou o urologista. Em seguida, foi realizada uma raspagem com “desobstrução uretral através de ressecção da próstata”. A cirurgia vai permitir que ele volte a urinar normalmente e a possibilidade de que o quadro se repita é remota.

Havia a expectativa de que fosse realizado um cateterismo no presidente. No entanto, segundo Kalil, a realização desta cirurgia exigiria que Temer ingerisse medicamentos que, por causa da próstata, ele não poderia tomar. “Vamos resolver a próstata e depois a parte cardíaca. Ele está estável do ponto de vista cardiovascular”, disse.

 

Equipe. O urologista Miguel Srougi e Roberto Kalil Filho

 

Quadro

“O presidente ( Michel Temer) está no apartamento, muito bem, com quadro estável e terá alta na segunda-feira.”

Roberto Kalil Filho

COORDENADOR DA EQUIPE MÉDICA RESPONSÁVEL PELO PRESIDENTE MICHEL TEMER