O Estado de São Paulo, n. 45302, 29/10/2017. Política, p.A10

 

 

 

 

 

 

Desaprovação a políticos para de crescer

Segundo pesquisa mensal do instituto Ipsos, após ápice, taxas de reprovação de agentes públicos sofreram redução ou oscilaram negativamente

Por: Daniel Bramatti

 

Daniel Bramatti

 

A onda de rechaço aos políticos começa a dar sinais de refluxo, depois de atingir o ápice nos últimos meses. Entre setembro e outubro, as taxas de desaprovação de quase todos os prováveis candidatos a presidente caíram ou oscilaram para baixo, segundo o Barômetro Político, pesquisa mensal realizada pelo instituto Ipsos.

Em alguns casos, a redução da desaprovação foi significativa, como nas taxas de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Em outros, a diminuição se deu dentro da margem de erro. A desaprovação de todos continua alta, mas retrocedeu para níveis detectados em levantamentos anteriores.

Danilo Cersosimo, diretor do Ipsos, ressalta que só as próximas pesquisas indicarão se de fato há uma mudança de tendência ou se este é um resultado pontual. Mas ele tem uma hipótese a testar: a de que esse refluxo na rejeição aos políticos está relacionado à percepção de que serão mesmo esses os nomes na disputa presidencial de 2018.

“Nos últimos anos, as pessoas demonstravam não querer ( como candidato) ninguém do mundo político, estavam esperando um messias”, afirma Cersosimo. “Mas não surgiu o salvador da pátria.”

O resultado, segundo o diretor do Ipsos, é que o sentimento de indignação começa a ser substituído pelo de resignação.

“A pauta das eleições está cada vez mais presente. A opinião pública se dá conta de que este é o quadro, estes são os nomes, e é dali que um candidato terá de ser escolhido. Em algum momento, o mau humor e o ranço contra os políticos terá de dar lugar a uma definição racional do voto.”

Segundo ele, isso vai ocorrer, claro, “se não surgir um nome de fora que não estamos enxergando”. Nas últimas semanas, voltaram a ganhar força as especulações sobre uma possível candidatura presidencial do empresário e apresentador de televisão Luciano Huck, cujo nome não foi avaliado na atual pesquisa.

 

‘Messias’. Outros candidatos a “messias” estão perdendo espaço na opinião pública, conforme Cersosimo. “Sergio Moro não dá nenhum indício de que entrará na política, e o prefeito de São Paulo, João Doria, já tem algum desgaste ( mais informações na página ao lado).”

Doria chegou a seu pico de desaprovação na pesquisa Ipsos de setembro, com 58%. Em outubro, a taxa oscilou para 56%. Já a aprovação do prefeito tucano subiu de 16% para 21%.

Esse movimento de melhora foi observado em todos os nomes do PSDB incluídos na pesquisa – com exceção do senador Aécio Neves (MG), cuja desaprovação chegou a impressionantes 93%, em empate técnico com a do presidente Michel Temer (95%).

A desaprovação ao governador paulista Geraldo Alckmin caiu de 75% para 67%, entre setembro e outubro. A do senador José Serra (SP), de 80% para 75%.

 

Recuperação. Para Cersosimo, isso pode indicar um começo de reaproximação de determinada faixa do eleitorado com o PSDB. “Há um segmento importante que não quer nem Lula nem Bolsonaro na Presidência. É natural que a percepção em relação aos nomes do PSDB e de Marina Silva comece a ficar mais positiva.”

A performance de Marina, que anda longe dos holofotes da política, chama a atenção do diretor do Ipsos. A pesquisa de outubro foi a terceira em que houve aumento da aprovação à ex-ministra do Meio Ambiente. Desde julho, a taxa passou de 21% para 36%. No mesmo período, a desaprovação foi de 62% para 51%.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também colheu bons resultados na pesquisa Ipsos. Sua taxa de aprovação oscilou positivamente de 40% para 41%, a mais alta na série histórica do instituto, que vem desde agosto de 2015. Já a desaprovação oscilou para baixo, de 59% para 58%.

Cersosimo observa que a melhora da avaliação de Lula, observada em recentes pesquisas, coincide com a decisão do petista de sair para o “corpo a corpo” com o eleitorado, em caravana pelo Nordeste.

A desaprovação ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) também refluiu em outubro, de 63% para 55%, retornando ao patamar que ele exibia em agosto.

 

Judiciário. Entre os nomes do Poder Judiciário avaliados pelo Ipsos, houve melhora nas taxas de aprovação do juiz federal Sérgio Moro (de 48% para 52%) e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (de 38% para 48%).

Já o ministro do Supremo Gilmar Mendes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, segue com o desgaste em tendência de alta. Sua desaprovação subiu de 70% para 75% no último mês.

 

 

‘Salvador da pátria’

“As pessoas demonstravam não querer ( como candidato) ninguém do mundo político, estavam esperando um messias (...) Mas não surgiu o salvador da pátria.”

Danilo Cersosimo

DIRETOR DO IPSOS

 

Avaliação

Aprova ou desaprova a maneira como vem atuando no País?

 

Aécio Neves

SENADOR (PSDB-MG

93% -  Desaprova

4% -  Aprova

3%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

 

João Doria

PREFEITO (PSDB

56% -  Desaprova

23% -  Aprova

21%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Ciro Gomes

EX-MINISTRO (PDT

58% -  Desaprova

21% -  Aprova

21%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Joaquim Barbosa

EX-MINISTRO DE STF

33% -  Desaprova

48% -  Aprova

19%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

 

Dilma Rousseff

PRESIDENTE CASSADA

78% -  Desaprova

19% -  Aprova

3%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

José Serra

SENADOR (PSDB-SP)

75% -  Desaprova

17% -  Aprova

8%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Fernando Haddad

EX-PREFEITO (PT

59% -  Desaprova

35% -  Aprova

6%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Lula

EX-PRESIDENTE

58% -  Desaprova

41% -  Aprova

1%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Fernando Henrique

EX-PRESIDENTE

75% -  Desaprova

19% -  Aprova

9%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Marina Silva

EX-MINISTRA REDE

51% -  Desaprova

36% -  Aprova

13%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Geraldo Alckmin

GOVERNADOR (PSDB)

67% -  Desaprova

22% -  Aprova

11%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

 

Michel Temer

PRESIDENTE

95% -  Desaprova

3% -  Aprova

2%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Gilmar Mendes

MINISTRO DO STF

75% -  Desaprova

22% -  Aprova

3%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Renan Calheiros

SENADOR (PMDB-AL)

83% -  Desaprova

15% -  Aprova

2%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

 

Henrique Meirelles

MINISTRO DA FAZENDA

65% -  Desaprova

29% -  Aprova

6%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Rodrigo Maia

PRESIDENTE DA CÂMARA

71% -  Desaprova

25% -  Aprova

4%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Jair Bolsonaro

DEPUTADO (PSC-RJ)

55% -  Desaprova

24% -  Aprova

21%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Sérgio Moro

JUIZ FEDERAL

52% -  Desaprova

41% -  Aprova

7%   - NÃO SABE/NÃO CONHECE O SUFICIENTE PARA AVALIAR

 

Obs.: Levantamento feito entre os dias 1º e 15 deste mês, em 72 municípios, com 1.200 entrevistados. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para cima ou para baixo

Fonte IPSOS