Valor econômico, v. 17, n. 4351, 29/09/2017. Política, p. A5.
Desaprovação bate novo recorde
Bruno Peres e Lucas Marchesini
29/09/2017
A popularidade do presidente Michel Temer segue em queda e atingiu novo recorde em pesquisa Ibope divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em comparação com o mesmo Ibope de três meses atrás. A confiança da população em um presidente nunca foi tão baixa. A avaliação positiva do governo caiu para 3% (como já apontara pesquisa do MDA na semana passada) em setembro. Em julho, esse índice era de 5%. A avaliação regular foi de 16% e, a ruim ou péssima, de 77%. A aprovação pessoal do presidente variou de 11% para 7% no mesmo período. Os resultados representam novo recorde de impopularidade.
De acordo com o levantamento de ontem, apenas 6% declararam confiar no presidente, enquanto 92% não confiam. Na última pesquisa, realizada em julho, 10% confiavam no presidente e 87% não confiavam. O recorde de desconfiança foi atingido em julho, quando ele superou a ex-presidente Dilma Rousseff.
O gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, destacou que os indicadores que apontam para uma evolução gradual da economia ainda não foram percebidos pela população, que ainda se ressente de alta de preços e desemprego, por exemplo. "Neste momento, essa popularidade muito baixa tem esses dois componentes fortes: a questão econômica e a da corrupção", afirmou o executivo, mencionando ainda a discussão polêmica envolvendo a Reserva Nacional do Cobre e seus Associados (Renca), cujo decreto de extinção acabou sendo revogado mas já havia feito baixar os índices de desempenho do governo na área do Meio Ambiente.
A pesquisa ouviu 2 mil entrevistados entre os dias 15 e 20 de setembro, período posterior à apresentação de nova denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente.
Notícias sobre corrupção foram indicadas como tema mais marcante por 23% das pessoas que responderam à pesquisa. Em seguida vem a Operação Lava-Jato (11%) e a apreensão de R$ 51 milhões atribuídos a Geddel Vieira Lima, um dos principais auxiliares de Temer enquanto ministro do governo, em um apartamento em Salvador (BA) (7%).
A política com maior aprovação do presidente é na área de educação. De acordo com a pesquisa CNI/Ibope, 17% dos entrevistados aprovam as medidas tomadas pelo presidente na área, enquanto 81% desaprovam. A partir daí, os percentuais de aprovação caem para 15% no meio ambiente e também no combate à inflação, 14% no combate à fome e à pobreza, 13% na segurança pública e no combate ao desemprego, 12% na saúde, 9% na taxa de juros e 7% nos impostos.
A desaprovação, por sua vez, é maior à política de impostos, com 90% dos entrevistados não concordando com as decisões de Temer na área. Seguem a taxa de juros, com 87% de desaprovação, saúde (86%), combate ao desemprego e segurança pública (ambos com 85%), combate à fome e pobreza (84%), combate à inflação e educação (os dois com 81%) e meio ambiente (79%).