Valor econômico, v. 17, n. 4353, 03/10/2017. Brasil, p. A3.

 

 

 

BNDES e Fapesp terão incentivo para start ups e inovação estratégica em pequenas empresas

Luciano Máximo

03/10/2017

 

 

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) assinam hoje acordo de cooperação técnica que amplia o apoio a start ups e pequenas empresas que buscam inovar em áreas estratégicas da economia, como manufatura avançada (indústria 4.0) e internet das coisas.

Juntas, as duas entidades governamentais vão unir fomento à pesquisa e oferta de crédito ou capital para pequenos empreendimentos irem além do desenvolvimento básico de inovação e se lançarem no mercado, produzir em escala.

No caso do BNDES, trata-se de uma nova parceria para se aproximar de potenciais clientes em áreas consideradas estratégicas. Além de Fapesp, o banco mantém acordos similares com Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), ambas federais. A diretora de indústria e serviços do BDNES, Claudia Prates, conta que as parcerias permitem ao banco agilizar seus processos de oferta de crédito e participação em capital de empresas inovadoras por meio da BNDES Participações (BNDESPar).

"Achamos positivo olhar essa carteira, unir esforços em busca de um maior resultado na inovação do país. O banco tem uma série de produtos de crédito e mais de R$ 500 milhões de fundos de investimento investidos em empresas inovadoras para dar escala à pesquisa básica. É preciso ter capital para começar sua produção, escalar. Sucesso na inovação é quando vira produção", diz Claudia, acrescentando que nos próximos dois anos serão mais R$ 250 milhões da BNDESPar para start ups.

A parceria entre BDNES e Fapesp é baseada em três eixos. O primeiro explora start ups já apoiadas pela fundação paulista dentro do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), que apoia projetos inovadores. Em 20 anos essa política liberou R$ 360,2 milhões para 1,1 mil empresas financiarem 1.788 projetos.

Pelas regras do Pipe, na primeira fase a Fapesp oferece até R$ 200 mil a fundo perdido para start ups avançarem num projeto inovador. Na etapa seguinte a fundação pode conceder até R$ 1 milhão para a manutenção do projeto e desenvolvimento de protótipos.

"Mas depois disso acaba, as pequenas empresas precisam atravessar o vale da morte. A fase seguinte é começar a atividade industrial, aí precisa de R$ 10 milhões, R$ 20 milhões. Com a parceria, o BNDES não vai nem precisar fazer análise técnica, ela já está feita. Vamos fornecer imediatamente o nosso portfólio, o filé-mignon", diz José Goldemberg, presidente da Fapesp.

O acordo contempla ainda novos editais para projetos inovadores em IoT e manufatura avançada, além de centros de pesquisa de engenharia já fomentados pela Fapesp numa parceria entre universidades e empresas. Atualmente a fundação paulista apoia cinco laboratórios patrocinados por Peugeot-Citroën, Shell, Natura e GSK e prevê abrir outros sete em seis meses com Statoil, Koppert, Grupo São Martinho e quatro outros com a Shell. "Se alguma empresa quiser investir nesses laboratórios, equipá-los, podemos apoiar via BNDESPar e linhas de crédito também", conta a executiva do BNDES.