Valor econômico, v. 17, n. 4355, 05/10/2017. Política, p. A9.

 

 

Em ato de filiação, senador 'lança' Alckmin à Presidência

Vandson Lima

05/10/2017

 

 

Ex-PSB, o senador Roberto Rocha assinou ontem seu retorno ao PSDB. A cerimônia, realizada em seu gabinete, contou com líderes da sigla e caciques como o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira e os governadores de Goiás, Marconi Perillo, e de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Rocha usou seu discurso para "lançar" Alckmin como candidato do PSDB à Presidência da República em 2018. Próximo do governador paulista, que teve grande influência em sua volta ao partido, Rocha fez questão de tratá-lo sempre como "presidente Geraldo Alckmin". No local, pessoas circulavam com uma camiseta que estampava "Maranhão para frente, Alckmin presidente".

"Quando saí do partido em 2011, por circunstâncias locais, disse que não mudava de convicções. Meu querido amigo, presidente Geraldo Alckmin, estamos vivendo um momento histórico. A política tem que servir para unir pessoas", discursou Rocha, pré-candidato ao governo do Maranhão.

Ele foi um dos principais apoiadores de Flavio Dino (PCdoB) em 2014, mas agora quer concorrer contra o ex-aliado, que deve buscar a reeleição.

Alckmin felicitou a volta de Rocha. "O partido hoje se fortalece no Maranhão e no Brasil. Mais fortes, podemos servir ainda mais ao povo brasileiro".

Rocha esteve anteriormente por 16 anos no PSDB. Com o retorno, ele se torna o décimo segundo senador da sigla, segunda maior força do Senado, atrás apenas do PMDB, com 23 senadores.

Já o caso do senador afastado Aécio Neves (MG) causa nítido incômodo nos tucanos. Se, de um lado, há a percepção de que o Supremo Tribunal Federal (STF) invadiu prerrogativas do Legislativo e exagerou na decisão, do outro tucanos admitem, reservadamente, que a derrocada de Aécio cada vez mais contamina a imagem do partido.

Além de candidato tucano à Presidência em 2014, Aécio era presidente da sigla quando do surgimento de áudios em que pedia dinheiro emprestado ao empresário Joesley Batista. Com olhos em 2018, vários tucanos têm ressaltado a necessidade de Aécio se afastar de vez no comando partidário. Questionado, Alckmin desconversou. "Vamos aguardar a decisão [do STF]. Ele já se afastou [da presidência] e o Tasso está fazendo um grande trabalho, com o partido se fortalecendo".

Líderes tucanos que estiveram com Aécio nos últimos dias atestam que ele está "péssimo" e tem se mostrado mais pessimista com o desenrolar de seu caso na Justiça.