Título: França defende economia limpa na Rio mais 20
Autor: Melo, Max Milliano
Fonte: Correio Braziliense, 16/03/2012, Ciência, p. 20
O governo francês considera a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, uma oportunidade única para dar visibilidade a um tema ofuscado na agenda internacional pela crise econômica. A delegação francesa, composta por aproximadamente 300 integrantes, vai insistir na consolidação das metas estabelecidas há 20 anos pela Rio-92. Segundo o embaixador Yves Saint-Geours, o governo francês pretende direcionar esforços para a sustentação da “economia verde” com uma base social e o fortalecimento de uma governança internacional sobre o tema.
Na avaliação do embaixador, o meio ambiente permanece uma das agendas prioritárias da União Europeia, em que pese a crise econômica instalada no continente. “Os europeus podem ter papel ativo e concreto na Rio+20. Apesar da crise, vamos propor medidas para o meio ambiente”, adianta Saint-Geours. No entendimento do diplomata, a busca por soluções que estimulam o desenvolvimento sustentável é fundamental para oferecer saídas ao continente emperrado pela recessão e pela crise fiscal. “Não posso dizer que teremos grandes resultados, mas nosso desafio é encontrar um novo viés de crescimento”, analisa o embaixador.
O segundo ponto a ser defendido pela delegação francesa é o estabelecimento de uma governança internacional para tratar de questões ambientais. Os instrumentos da Organização das Nações Unidas, pontua Saint-Geours, ainda são insuficientes para obter avanços nesse tema. A criação de uma agência mundial, com poder efetivo para acompanhar a execução de políticas públicas que conciliassem crescimento econômico com preservação do meio ambiente, constituiria um marco importante a ser alcançado na Rio+20.
Caças e educação Na relação com o Brasil, o embaixador destaca o crescimento do comércio bilateral — com um aumento de 23% em 2011 — e as parcerias franco-brasileiras, especialmente na área de educação. Sobre a venda de caças Rafale para as Forças Armadas, o governo francês mantém a disposição de negociar, apesar das idas e vindas de Brasília, e aguarda um desfecho do caso para 2012. “Seria uma desilusão se a decisão (sobre os caças) não saísse este ano”, comenta.
Se está cauteloso nos assuntos referentes à Defesa, Saint-Geours demonstra entusiasmo com o projeto Ciência sem Fronteiras. Até 2014, o governo francês pretende oferecer a 10 mil brasileiros a oportunidade de estudar nas universidades do país europeu. “Isso é mais importante do que muitas outras parcerias”, ressalta o diplomata. Ele acredita que o investimento em recursos humanos é um trabalho de longo prazo, com benefícios para as duas economias. Hoje, três mil brasileiros estudam na França, segundo o chefe da representação.