O Estado de São Paulo, n. 45299, 26/10/2017. Política, p. A7.

 

‘Temos uma base hoje sofrida’, afirma Maia

Igor Gadelha / Daiene Cardoso / Isadora Peron

26/10/2017

 

 

Presidente da Câmara cita pauta própria, incluindo reforma da Previdência mais enxuta

 

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apresentou na noite de ontem, logo após o fim da votação que barrou o andamento da denúncia contra o presidente Michel Temer, uma agenda própria que pretende pautar na Casa. Entre os pontos citados, alguns deles antecipados ontem pelo Estadão/Broadcast, estão uma reforma da Previdência “mais enxuta”, projetos na área da segurança pública, saúde e regulamentação do setor de óleo e gás.

Maia defendeu uma reforma da Previdência com alteração apenas na idade mínima para aposentadoria e mudanças nas regras para servidores públicos. Ele disse já ter conversado nesta semana com o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), para debater o enxugamento. “Se misturou muitos temas e, quando se mistura, acaba somando adversários.”

Questionado se o governo ainda teria força para aprovar a proposta, ele admitiu que vai ser “difícil” com a atual base aliada. Temer obteve 251 votos a seu favor para barrar a denúncia, menor do que a maioria simples da Casa, de 257 deputados.

“Cada um tem de conduzir a sua relação da forma que entende. Não vou ficar ensinando ao presidente da República, que foi presidente da Câmara três vezes, como ele tem de manter a relação dele com o Parlamento”, disse Maia.

“Temos uma base hoje muito sofrida. Tem de se reorganizar a base. Não adianta ficar falando mal daqueles deputados de partidos da base que votaram contra. Não adianta ficar dizendo ‘quem não votou com o governo não pode estar mais próximo do governo’, porque isso vai nos inviabilizar em votações importantes das reforma”, afirmou o presidente da Câmara.

Maia, porém, afirmou que é preciso convencer a sociedade de que essa é uma pauta que vai “salvar o Brasil”. Diante da resistência de parlamentares, Maia e aliados já discutem aprovar apenas as mudanças que podem ser votadas por projeto de lei, que exige um número menor de votos para a aprovação.

Ainda sobre a pauta econômica, o presidente da Câmara afirmou que pode votar alguns pontos da reforma tributária e a simplificação do sistema.

O parlamentar fluminense também defendeu uma pauta com maior apelo na sociedade, com foco nas políticas sociais, segurança pública e saúde. “Temos 3 milhões de novos brasileiros novamente na linha da pobreza”, afirmou.

 

 

‘Sofrida’

“Não vou ficar ensinando ao presidente da República, que foi presidente da Câmara três vezes, como ele tem de manter a relação dele com o Parlamento. Temos uma base hoje muito sofrida.”

Rodrigo Maia (DEM-RJ)

PRESIDENTE DA CÂMARA

 

PLACARES

2ª DENÚNCIA (ONTEM)

251 – A FAVOR DO ARQUIVAMENTO DA DENÚNCIA

2 -  ABSTENÇÕES

25 - AUSÊNCIAS

2 - NÃO VOTARAM*

233 -  CONTRA O ARQUIVAMENTO  DA DENÚNCIA

 

172 VOTOS

ERAM NECESSÁRIOS PARA BARRAR A DENÚNCIA

 

1ª DENÚNCIA (02/08/2017)

263 – A FAVOR DO ARQUIVAMENTO

2 ABSTENÇÕES

19 – AUSÊNCIAS

2 -   NÃO VOTARAM

227 – CONTRA O ARQUIVAMENTO DA DENÚNCIA

 

172 VOTOS

 

* PRESIDENTE DA CÂMARA E TIA ERON (PRB-BA),  LICENCIADA E SUPLENTE NÃO ASSUMIU